E como é isso que se combate?
Não sei, infelizmente não há, nestas coisas, um batalhão para a moralidade pública… Olhe, é um caso parecido com o do investimento e a propriedade. Em Portugal há uma opinião firme contrária à propriedade, contrária à empresa privada, contrária ao investimento. Qualquer português que eu conheça gosta imenso da sua propriedade, e odeia e detesta a propriedade dos outros. Isto não dá condições de investimento, de desenvolvimento.
Isso vem-nos de onde?
É uma grande mistura. Portugal nunca teve uma tradição nem liberal, nem individualista. Talvez o facto de estar, por um lado, muito ligado à Igreja católica, por outro muito dependente do poder central, do Estado monárquico ou do Estado republicano, tenha criado esta dependência. Faz-me lembrar os tempos da China de Mao Tse Tung: havia 600 milhões de chineses vestidos da mesma maneira, a mesma túnica, o mesmo chapéu, aquilo era horrível, horrível, era o retrato do totalitarismo. A própria palavra empresário é mal vista, a tal ponto que agora não se diz empresário, diz-se empreendedor, o que eu acho absolutamente ridículo. O empresário desenhou-se no tempo de Karl Marx, é um dos agentes mais revolucionários da história, que junta os factores de produção – capital, terra, máquinas, imóveis, comércio –, e organiza tudo isso.»
6 comentários:
Em Goa, na velha Goa Portuguesa que faz agora 50 anos que deixou de o ser, dizem existir um conjunto alargado de pescadores - conhecedores das águas turvas do molhe de Mormugão - que pescam pachorrentamente caranguejo. Para o efeito usam dois tipos de balde: um com tampa e outro sem tampa. Interrogados por turistas acerca da necessidade de dois baldes - um destapado e outro tapado - a resposta é simples. Ora dizem os homens, "aqui pesca-se caranguejo comum, e esse vai para o balde com tampa; depois também pescamos o Caranguejo Português, e esse vai para o balde sem tampa - porque mal um deles começa a querer trepar e saír, logo há outro que o puxa para baixo - mantendo todos dentro do balde em segurança."
Portugal, por vezes, parece uma prisão sem grades.
Ass.: Besta Imunda
Devemos começar a reflectir sobre a mudança social e política que se vai operar em Portugal com a "refundação" da UE que se anuncia, ou seja, sendo a austeridade uma realidade que vem para ficar nos próximos anos. A única coisa que me anima é que isso vai mexer fortemente com a relação de forças no poder em Portugal. Por isso é que os "zarolhos", que têm sido "reis" nesta terra de "cegos", pedem revoluções. Agora andam com o interesse "nacional" na boca, quando antes o venderam em troca de financiamentos para causa própria, sem que a comunidade no seu todo ganhasse com isso. Pelo contrário. Essa classe social e política que viveu de dependências e da distribuição do dinheiro que vinha de fora vai levar um forte abanão.
A mudança de paradigma pode representar uma oportunidade para Portugal, saibamo-la aproveitar. O país precisa de uma limpeza. Se a austeridade da Merkel servir para que o sistema de dependências económicas e políticas que têm condicionado a nossa democracia seja enfraquecido, se diminua o poder dos partidos sobre a sociedade, e que a prioridade económica volte a ser a produção, já terá aspectos positivos. Até porque, pessoalmente, a UE dos subsídios que corromperam e amoleceram a sociedade, cujos testas-de-ferro foram gente como Mário Soares, sempre me repugnou. Por mim pode "morrer" de vez.
De Luís Sttau Monteiro no saudoso Diário de Lisboa:
"Em Portugal abatem-se os pássaros para não fazerem sombra nos arbustos".
Na mouche.
Eis o esplendor de Portugal.
É pena que o António Barreto não tenha dito isto há mais tempo!
Se o conseguires em Portugal , consegues em qualquer lado do Mundo.
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