O sujeito a que aludo no post anterior, o dr. Pacheco, brinda os leitores do Público em papel com um artigo apocalíptico em torno do Natal e do país. Ia a meio - porque aqueles artigos são verdadeiras "torrentes de ideias" - e pensei que algures o autor nos ia convidar a preferir a morte a tal sorte. Não falhei por muito: «Matar-se. Emigrar. Desistir. Resistir.» Depois de o ler, senti-me por segundos como um Marcelo Rebelo de Sousa a distribuir optimismo e leitões da Bairrada pelas "vítimas" do artigo do dr. Pacheco. Nem no meu pior pessimismo (que é vasto e duradouro) conseguiria ir tão longe e tão fundo. O dr. Pacheco encarnou no planeta Melancholia de Lars von Trier. Mas em mau, muito mau, muito "pau de marmeleiro". Como rezam as Escrituras, procuro guardar, nas minhas imperfeições e enormes defeitos, a Fé. Oxalá Pacheco pudesse ser iluminado por ela e, um dia, dizer como o Papa João Paulo II - «I hope against all hope».
Foto: Giotto
Foto: Giotto
9 comentários:
Pacheco está sem Norte, sem auditório atento, sem o protagonismo que, por arrasto, uma sua chefia lhe poderia conferir (sim, porque quanto a ser 'ele' um 'candidato' a coisa de primeira linha - nem pensar). Manuela já só faz aparições episódicas quando insistentemente convidada; Cavaco já mostrou o que será e o que fará durante o resto dos seus 4 anos na Presidência; todos os seus lugares de refúgio político e "enquadratório" estão - para Pacheco - destruídos ou injustamente ocupados por outrem. E no entanto conserva vários púlpitos televisivos, blogueiros e papeleiros. Tudo se poderá resumir ao facto de Pacheco não controlar afinal nada, não entender algumas coisas (como nós, os mortais...); e não estarmos em época em que nos possamos agarrar a algo parecido com "belas certezas". Está sombrio, deprimido, desprezado, embezerrado. Pois é.
Ass.: Besta Imunda
Feliz Natal, Dr. João Gonçalves.
Não seja ridiculo. Não fale de quem tem infinita categoria quando comparado consigo...
Lamba o pote sossegado e não levante o dedo....
Aproveito para desejar-lhe, Dr Gonçalves, um Natal em Paz; e Boas Festas.
Ass.: Besta Imunda
Nem na Noite Santa de Natal o Dr. João se abstem dos seus ódios de estimação.
Que Deus lhe perdoe!
Em todo o caso, dele se diga o que se diga, e do seu autor, esse texto de J. P. Pereira é certeiro da primeira à última linha. Nada nele há de excessivo, tendencioso, ideologicamente condicionado. Reporta-se a factos, relata factos, antevê factos. As coisas são como nele se descreve e, salvo milagre, serão como nele se descreve. Se não piores.
Limita-se a expor o que todos sabemos ou tememos e não temos coragem de pôr preto no branco. Por ainda querer uma ilusão. Por recusar, uma vez mais, a realidade.
Resta a fé. Você tem-na. Talvez acredite, por isso, que virá aí tal milagre. Ou que, não vindo, há um qualquer sentido messiânico, providencialista, no que vivemos e nos espera, e que tudo justifica.
Talvez. Mas não o encontro. E não me acho sem fé.
Costa
http://www.youtube.com/watch?v=5JdvNRNu4PA
O cadáver podre da 3ª República será roído pelos seus antediluvianos até aos ossos. Feliz Ano Novo.
Merkwürdigliebe
Não não há nada certeiro no Pacheco Pereira. Aliás é a contradição com o que ele disse algumas vezes.
O texto dele é simplesmente o tribalismo e populismo mais básico.
Ou seja ele está explorar o caminho que nos levou onde estamos e que ele muitas vezes criticou.
lucklucky
Não há nada certeiro, escreve. Diga-me então, por favor, em que país vive, que doce realidade socrática habita a sua mente, e sobre que país acha que escreveu P. Pereira?
Creia que me estou nas tintas para as guerras internas do PSD, a posição de JPP nas mesmas, as tertúlias da Quadratura do Círculo, e o mais que se lhe queira e possa apontar. Este texto elenca factos. Factos sinistros, inegáveis, e que se multiplicarão e muito antes de se atenuarem ou um muito distante dia se tornarem talvez residuais. Factos que escapam ao controlo do actual governo, aliás, que por via do estado a que chegámos bem pouco manda, bem pouco pode. Este, ou qualquer outro, por estes tempos.
Por isso não tenhamos medo de dar nome à realidade. É a realidade...
Costa
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