9.2.08

O CAOS CORRECTO



Em menos de quinze dias, dois oficiais generais - Garcia Leandro e Governo Maia - alertaram para a "implosão social" que grassa por aí, a par com a desintegração e a insegurança que emergem um pouco por toda a parte no reino "simplex" do senhor engenheiro. Por outro lado, as forças armadas, nas pessoas dos seus antigos chefes, na Revista Militar, não se cansam de acentuar o fosso que as separa do poder político. Não vivemos tempos propícios a "pronunciamentos" militares, nem que seja porque estamos na UE e porque, tipicamente, essa circunstância "ajudou" a retirar "força" às forças armadas. Em boa verdade, o que resta da tropa pouco mais pode fazer do que de "exército de salvação" e proselitismo em prol dos "grandes desígnios" da humanidade. O poder político democrático foi-se encarregando de destruir os alicerces da força armada, perpetrando o golpe fatal com o fim do serviço militar obrigatório. O SMO tinha a vantagem de "ligar" a sociedade à tropa e esta à sociedade. Isso permitia incutir nesta determinados "valores" que nunca fizeram mal a ninguém e moderar a proliferação de tantos pusilânimes precoces. A desagregação, a implosão e a insegurança de que falam os dois generais são, também, fruto dessa anomia. Uma anomia que paisanos como Rui Pereira ou Severiano Teixeira, dois "teóricos" infelizes, não sabem calibrar. Isto aplica-se às polícias, "educadas" nos últimos anos para o "multiculturalismo", para a "pedagogia" e para a "proximidade", miragens que resultam muito bem na freguesia da Sé, do Porto, nos bairros periféricos de Lisboa, numa remota bomba de gasolina do interior ou numa mercearia em Alcobaça. A pequena gatunagem - que, muitas vezes, é assassina e aproveita-se da fragilidade das vítimas - não floresce por acaso. Ainda esta semana passou por mim um grupo de carteiristas profissionais de eléctrico que repartia entre si os despojos da última carteira fanada a turista. Esta impunidade devia cansar e indignar, não apenas os generais, mas sobretudo os "democratas" que, metodica e pacientemente, "esterilizaram" o exercício legítimo e oportuno da autoridade. O episódio do Grémio Lisbonense é revelador deste "estado de espírito". Os agentes da PSP vão certamente pagar caro a exibição televisiva dos bastões nos lombos dos lorpas que se opunham ao cumprimento de uma determinação judicial porque os bastões são sinónimo de "fascismo", jamais deviam estar nas mãos dos polícias e, naturalmente, não se fizeram para ser usados. O "correcto" idiota berra logo pela liberdade sem perceber que é precisamente este pequeno caos sem rosto que a coloca em causa. O problema é que já não há quem nos liberte do "correcto" e dos seus malditos profetas. A racaille agradece.

10 comentários:

Nuno Castelo-Branco disse...

Bem prega frei Tomás...

Já há alguns anos, dois ex-Venerandos vieram a terreiro e numa missão decerto pedagógica, dizer aos portugueses como olhar para a autoridade.
Soares, com o seu famoso "...Ó xõr guarda, desapareça da minha frente, vá-s'emboraaaaa"... Isto num daqueles acessos de populismo fácil que bem o caracteriza e que ele é exímio em condenar nos outros.
Outro episódio edificante, foi aquele protagonizado por Sampaio, quando descompôs a escolta da GNR em público, devido a um pequeno engano de percurso.
Tudo isto parece de somenos importância, mas para aqueles que à hora do jantar engolem distraidamente o sarrabulho, não é? Se o vértice do poder dá o exemplo!... Idiotas!

Anónimo disse...

Mas os policias à porta dos srs que nos governam estão lá 24 sobre 24 horas e devem ter o pistolão, o rádio(não vá o diabo aparecer e serem precisos reforços) e bastão.Aí certamente se tiver que ser usado é com toda a legitimidade democrática.
Só este serviço pela extensão da "corte" deve esgotar boa parte das policias e o resto fica para os cidadãos...
Defesa?Entram pelo país dentro com toneladas de droga e ninguém vê pelo que é ou não legitimo perguntar o que mais estará a entrar?
Mas estou descansado porque se houver sarrafusca o BE convoca as FP-25 esses incompreendidos aliados do povo e como milagre seremos salvos das garras do mal...
Então o Louçã será promovido a generalíssimo!

Anónimo disse...

Toda a gente conhece os carteiristas (cerca de uma dezena) que, todos os dias, "trabalham" entre a Praça da Figueira e o Cais de Sodré.
Dedicam-se a assaltar sem contemplações os distraídos turistas que circulam nos eléctricos e nos autocarros da Carris, assim contribuindo para a boa imagem de Portugal no estrangeiro...
Toda a gente, repito, conhece à légua esses energúmenos.
Toda a gente menos a polícia, que nada faz contra eles.
E estamos nisto.

Anónimo disse...

Esta música está um pouco roufenha.

Anónimo disse...

«Não vivemos tempos propícios a "pronunciamentos" militares, nem que seja porque estamos na UE».

Um mito ... ainda há a «cirurgia militar» à civil. Que é o que esta merda está a precisar.

Anónimo disse...

Aleluia!
Os generais sempre solícitos com o poder político (que não os promoveu por acaso...) enquanto no activo, viram activos tão depressa passam à reserva! Má consciência?!
Só agora é que deram conta do granel em que tudo isto está metido?
Porque não se bateram pelo SMO se foi ele que sempre foi "disciplinando" os indígenas que só sabem viver em roda livre?
Vão-se catar porque agora é tarde.Mantenham-se quietinhos e bons rapazes como sempre foram.

Anónimo disse...

«Não vivemos tempos propícios a "pronunciamentos" militares, nem que seja porque estamos na UE»

O regime politico vigente desde 1974 não tem de facto razões para temer um pronunciamento militar no Portugal actual...mas será que o regime politico tem razões para temer o facto de, se ocorrer uma situação em que o regime necessite de ser defendido pela força, não poder contar com os militares para o fazerem?

Alexandre disse...

Curiosamente, dou por mim a concordar com tudo o que escreveu. Paradoxalmente, espanto-me por me rever neste discurso que há anos atrás acharia perigosamente conservador... (não sei se estar a ficar velho, se é por estar mais realista - inclino-me mais para a segunda hipótese).

Anónimo disse...

Jg V Exa foi 'a tropa?
o mesmo pergunto ao Sr Castelo Branco

Anónimo disse...

A lei fez-se para se cumprir e não pode ser arma para a esquerdalha exibir de acordo com a sua conveniência. Por mim podem dar mais e com muito mais força. A polícia não um mero agente confiscador de multas, deve representar e agir em prol da lei... devia....