Do último livro de Pietro Citati, "La morte della farfalla - Zelda e Francis Scott Fitzgerald", da Mondadori:
"Quando, em 1936, Francis Scott Fitzgerald publicou L'incrinatura (The Crack-Up) [tradução portuguesa, A fenda aberta, da Hiena], os seus amigos, os seus amigos-inimigos, e os seus inimigos ficaram profundamente indignados. Sobretudo, indignou-se o mais abjecto de todos: Ernest Hemingway, o qual ainda não se tinha precipitado num abismo muito mais atroz. Quase todos escreveram a mesma coisa. Não era possível falar de si mesmo, aos quarenta anos, da forma como o fez Fitzgerald: violar algures, com precisão, o sentimento comum da decência, revelando ao público os desastres e a dor da própria vida. Mas a literatura não tem muito que ver com a decência e o decoro. Nem Poe, nem Baudelaire, nem Verlaine respeitaram as leis da decência. Conheceram as chamas do inferno: todavia transformaram-nas em ouro - escreve-se no Epílogo das Fleurs du Mal. Sem dúvidas, incertezas ou temores, cumpriram até ao fim os seus deveres como "perfeitos alquimistas e almas santas".
1 comentário:
Boa dica essa, obrigado e boa semana.
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