10.10.06

A GUARDA


O governo, através do MAI, pediu - e pagou, naturalmente - a uma "consultora" um estudo reorganizativo da GNR que, a ser levado à prática, acaba com ela tal como a conhecemos. A GNR tem uma "tradição" que este "estudo" obviamente não respeita. Todavia não é por aí que isto é criticável. Eu iria mais longe e fundia as duas forças policiais ou, pelo menos, acabava com a "natureza militar" da Guarda e reforçava a componente policial, a preventiva e a repressiva. A GNR possui uma estrutura de comando obsoleta e inadequada aos dias que correm. É dirigida por oficiais-generais oriundos da tropa - e ninguém respeita mais a tropa do que eu -, mas não tenho a certeza que deva ser assim. Durante dez anos, a Inspecção-Geral da Administração Interna propôs a sucessivos governos e ministros "Costas" várias alterações ao funcionamento da Guarda, sem nunca ter precisado de consultoras externas para nada. Lá se conseguiu um "estatuto disciplinar" específico e pouco mais. António Costa nunca simpatizou muito com a IGAI, vá-se lá saber porquê. Agora mandou-a a correr para o Porto por causa de umas perseguições que correram mal. E dizer para os jornais que, na dúvida, o melhor é "deixá-los fugir" (aos delinquentes), como sugeriu o actual inspector-geral, também não ajuda nada. Os órgãos de controlo da administração pública têm uma missão pedagógica que não deve ser subestimada. Não devem servir só para apagar fogos quando os interessa apagar.

4 comentários:

Anónimo disse...

Eu também li essa enormidade do "deixem-nos fugir"!
Que respeito podem os deliquentes ter pelas forças de segurança?
Mas nas escolas é o mesmo:
- Ó professor eu chamo-te filho da p... e tu não me podes bater, ouviste?

Anónimo disse...

As consultoras externas, tipo “delloites” – cujos funcionários são chamados com precisão de “deletes” – são optimas porque têm as costas largas.
Tomam-se decisões drásticas, e quantas vezes precipitadas, descurando as vozes da experiência e do bom senso, ignorando a cultura ancestral das empresas, cultura essa que as fez crescer e ser respeitadas no meio, e a culpa nunca é das administrações. Estas continuam com as mãos limpas. Foram as análises fundamentadas em “power point” dos “deletes” que decidiram apagar a b ou c. Os que ficam vão acumulando ... acumulando. Os livros de reclamações começam a ter utilidade... mas os”deletes” são persistentes e têm um objectivo. Um dia tomarão conta de tudo...tornar-se–ão indispensáveis.

... mas isto não tem nada a ver com a GNR.Fugi do assunto. Porque será?

Anónimo disse...

«Porque será?»
Porque eles não sabem nem sonham...
Assim se comprova como podemos ter luminárias quase analfabetas como Ministros - não sabem.
Como não sabem o que querem, se o soubessem bastava-lhes comunicar o que queriam ás chefias,que estas s eencarregariam dos estudos de "implementação"
tratam de pagar a empresas externas.
De amigos e conhecidos.
E disfarçar assim as suas santas ignorâncias.
Amen.

Anónimo disse...

As consultoras são um pouco como as prostitutas: uma vez pago o serviço, fazem o que lhes for pedido.
Elaboram relatórios para justificar a conclusão final previamente encomendada, e paga, pelo cliente.