5.10.06

O 5 DO 10

Vale a pena comemorar a República? Não vale. Contrariamente ao que a doutrina oficial propala, o que se sucedeu depois do 5 de Outubro de 1910 foi a história de uma tirania "popular", centrada e liderada pelo velho Partido Republicano Português que, em pouco tempo, conseguiu a proeza de "virar" o "país profundo" e algumas das suas hostes "moderadas" contra si. Pomposos e medíocres, arrivistas e oportunistas, melancólicos e dramáticos furiosos, as notabilidades do PRP e, depois, do Partido Democrático, arrasaram às suas próprias mãos a tão prometida República e o "povo" que ela majestaticamente iria servir. É claro que a idiotia "monárquica" também não se recomendava, nem se recomenda ainda a ninguém. Contudo, este folclore melodrámático que cessou às mãos da tropa, em 1926, não se deve confundir com o respeito pelos princípios republicanos no exercício das funções públicas. A probidade, a isenção e o alheamento dos "interesses" continuam a ser boas intenções. É isso que nós temos, a quase um século de distância do primeiro 5 de Outubro?

9 comentários:

Anónimo disse...

Há dias de uma suprema inutilidade. Paira no ar um Sol de Outono pálido como o regime. O 5/10/10 trouxe consigo 16 anos de terror e violência, 48 de ditadura, 8 de PREC e os restantes de uma mansa servidão tutelada por corruptos brejeiros e sábios incompetentes.
Festejamos o quê?


alcoólico-anónimo

Anónimo disse...

Subscrevo, mas e o outro lado?
Deveriamos ter continuado sob a egide de aristocratas alheios ao país real? É só mais um daqueles casos em que fomos obrigados a escolher a menos má das alternativas.

Anónimo disse...

Ao fim da manhã de hoje, no Chiado, um grupelho de duas dezenas de pessoas permitiu-se impedir o trânsito durante largos minutos, gritando "Também somos arguidos" e "Não apaguem a memória".
Grotesco, ridículo, caricato.
Um popular que passava ainda protestou, chamando "corja" ao grupelho. A dita fingiu que não ouvira, cagadinha de medo.

Anónimo disse...

Eu sou monárquico.
Ponto final parágafo.

Anónimo disse...

O comentário de JG ao 5 de Outubro aplica-se também ao 25 de Abril e ao 1 de Dezembro, embora por razões diferentes. O 25 de Abril pelas mesmíssimas razões do que JG referiu sobre o 5 de Outubro. Em relação ao 1 de Dezembro não pelo que se passou nessa data e depois, mas pelo que se passou antes. Porque, provavelmente, muitos dos que fizeram o 1 de Dezembro foram responsáveis pelo descalabro que levou o país a perder a independência e a "abraçar" a união ibérica. Muito à portuguesa...

Os nossos três feriados históricos são datas "infelizes" da nossa História (em relação ao 1 de Dezembro não me refiro à restauração da independência, mas sim a todo esse período da História de Portugal, que não começa logo em 1580, manifestamente desastroso, e que o 1 de Dezembro não apaga) sendo datas que claramente não mobilizam os portugueses (a excepção ainda vai sendo o 25 de Abril com o "povo" de esquerda, mas não por muito mais tempo) antes os dividem.

Cavaco Silva faz bem em querer trazer o "povo" para estas cerimónias, que noutros países servem para cultivar o orgulho nacional. Mas em Portugal não resulta, porque há pouco a festejar com estes acontecimentos. Foram escolhidos marcos históricos errados para elevar a feriado nacional, e consequentemente serem festejados condignamente. Por exemplo, acho incompreensível como a data mais importante da História do país, que é a da sua fundação, não seja feriado nacional. Será que não é possível apontar o dia e o mês em que terminou a Batalha de Ourique, ou em que foi realizada a Conferência de Zamora, bem como a Batalha de Aljubarrota?

Alguém tem dúvidas que estes acontecimentos foram muito mais importantes e positivos para o país, do que a instauração da República ou o golpe de Estado do 25 de Abril? Não merecem por isso um estatuto superior a estas datas ideológicas? De certeza que haveria uma muito maior adesão popular aos festejos do dia da independência, e ao dia da vitória portuguesa sobre os castelhanos em Aljubarrota, contra um inimigo mais poderoso, mas em que a vontade de liberdade superou a inferioridade numérica. Não é isto reconhecido por todos? Não são estes exemplos muito mais positivos que revoluções e golpes de Estado?

A decadência do que regime que temos manifesta-se na ausência da valorização do que é realmente importante celebrar na comunidade portuguesa. Daí não espanta a falta de empatia popular para com as datas históricas escolhidas como feriado nacional. Eu também não lhes ligo nenhuma.

Anónimo disse...

O Portugal de Ourique e Aljubarrota, para quem ainda não sabe, já não existe: morreu em Alcácer-Quibir.

O Portugal de hoje, apesar do Liberalismo, do 5 de Outubro e do 25 de Abril, que deram grandes impulsos, ainda não nasceu.

Está preso, entalado a meio caminho na vulva da mãe, agarrado por dentro pelos saudosos do passado e abandonado por fora pelos médicos e enfermeiros - os portugueses do presente - que deveriam tê-lo ajudado a ver a luz.

Qualquer dia ser-lhe-á declarado o óbito, como nado-morto, e aí sim, começará o Portugal do futuro: uma nova Região Autónoma da República Ibérica que emergirá da actual Espanha!

Anónimo disse...

Que disparate !
Isto é mal da crise.

Anónimo disse...

Amigo anónimo, a crise está é "impregnada" na sua cabecita...

Pense em termos de futuro, levante os olhos para o horizonte, olvide este fugaz e ensurdecedor instante chamado "actualidade": quantos mais anos pensa que vai perdurar o Reino de Espanha após a morte de João Carlos I?

Quantas mais décadas supõe vocência que pode aguentar-se a farsa de um País sem razão de existir como é Portugal?

Aceite humildemente as lições da História Universal: que é feito da Jugoslávia? Da Checoslováquia? Da União Soviética? Da Áustria-Hungria? Da Prússia? Só para não ultrapassarmos os duzentos anitos...

Com os respeitosos cumprimentos do

Bom selvagem.

Anónimo disse...

Caro Anonymous das 6:49 PM

Totalmente de acordo, ipsis verbis.


Assinado por Nacionalidade Portuguesa, séc. XXI