30.9.11

O ESTADO, O CCB E O SR. COMENDADOR

Há mais de cinco anos, escrevi aqui o seguinte:

Homens da cepa do sr. comendador Berardo não são propriamente filantropos. Após anos a "ameaçar" levar a sua colecção privada daqui para fora, Berardo negociou com o actual governo a melhor forma - para ele, naturalmente - de isso não acontecer. Para tal, a ministra Pires de Lima teve de passar por sumários vexames públicos produzidos pelo sr. comendador - recordo, entre outros, o mimo de "saloia" - e sujeitar-se à intervenção directa do primeiro-ministro, presumivelmente através de Alexandre Melo, seu assessor para a cultura, para que o famoso "acordo" fosse assinado há dias. O Estado abjurou perante o sr. comendador e obrigou-se a "entrar" com cerca de 500 mil euros/ano para poder exibir as 863 peças que fazem parte da colecção, sem nenhuma certeza de que daqui a dez anos o sr. comendador não lhe apeteça, com a colecção já devidamente valorizada, desaparecer com ela para onde lhe aprouver. Mega Ferreira, o presidente do CCB, hipotecou, com o habitual gosto e alegria de bem servir que o caracteriza, parte significativa da estrutura do Centro para a instalação do "museu/fundação de arte moderna e contemporânea- colecção Berardo" de que este será presidente, com o óbvio direito a nomear e a despedir o respectivo director. Os argumentos utilizados pelo Estado para justificar este "acordo" seriam risíveis se não fossem trágicos. É evidente que não estão em causa, nem a qualidade da colecção Berardo, nem o seu "interesse" cultural. O que parece ser discutível são os termos do "acordo" para o "parceiro" Estado, ou seja, para os contribuintes que supostamente devem usufruir do acervo. Apesar dos beijinhos e abraços, não tenho a certeza de que o "interesse nacional" se tenha sobreposto aos interesses privados e legítimos do sr. comendador. Pelo contrário, penso até que Berardo conseguiu "meter" o governo no seu já vasto espólio, como um vulgar troféu de caça. O sr. comendador só dá um chouriço a quem lhe der um porco.

Parece que o Estado, finalmente, decidiu dar-se ao respeito e recolher o porco. Entretanto. entre 2007 e 2010. a coisa custou-lhe alegadamente cerca de 26 milhões de euros e só 2 ao comendador. Mas será apenas Berardo quem deve ser "encostado à parede"?

2 comentários:

Anónimo disse...

...mas o Comendador continuará a ter assento no programa-crespo (ou equivalente) onde poderá proferir "faquiú, faquiú" apenas porque é rico e nos ricos isso é bem visto e deliciosamente engraçado.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Ainda vão concluir que, por este anormal ser da Madeira, a negociata do CCB foi feita pelo Alberto João... Quando escrevo "vão" refiro-me aos mongos da cu-municação.

PC