As benevolentes não me interessam. Para elas não há passado mas tão somente "presentismo" e curto-termismo. Por que é que foi necessário o "documento Gaspar" ou por que é que chegámos até aqui são perguntas que ninguém quer fazer. Quem conhece minimamente o Estado português sabe quais são os sectores que "gastam" - a saúde, a educação e a segurança social. Os outros também gastam mas, aqui, a chamada componente social obriga a que se gaste mais. Também por isso as respectivas "estruturas" são mais pesadas com uma parafernália de organismos centrais, regionais e locais que agravam a coisa. A decisão do ministério da Educação em acabar com as suas "direcções regionais" é um exemplo que pode ser seguido noutras áreas, como a cultura, pois pouco mais têm servido do que de sinecuras de colocação amiguista (os seus trabalhadores, normalmente da zona, podem ser reafectados à administração local e os "amigos" voltam democraticamente à origem). Dito isto, a despesa dita social que estes sectores representam é financiada pelos contribuintes ("pobres" ou "ricos", uma discussão estúpida num país que é mantido fundamentalmente por uma classe média remediada dos serviços e das pequenas e médias empresas) e tem, de facto, um peso social, literal, importante. Exibir os "cortes" na saúde, na educação, no ensino superior ou na segurança social a frio, sem serem sinalizados claramente por outras ponderações (elas estão no documento mas não são tão "evidentes") no que respeita a fundações e institutos públicos (salvo no desporto e juventude), empresas públicas (para o sector empresarial local já existe uma reforma em curso, tal como para a RTP, e vão ser extintas a Parque Expo e a FrenteTejo) e, sobretudo (sublinho o sobretudo), parcerias público-privadas, gerou um expectável desconforto na opinião pública, mesmo na afecta aos partidos que suportam a maioria governamental, independentemente do compromisso com a União Europeia e o FMI. Tanto mais quando, nas palavras de um vice-presidente do PSD, parece que "estamos inebriados por impostos" porque "há mês e meio que não se fala noutra coisa". Ora, em política, o que parece, é.
4 comentários:
"...O pior é pensar-se que se pode realizar qualquer política social com qualquer política económica; e que se pode erguer qualquer política económica com qualquer política financeira. ...Obedecem a este esquema, e são expressão destas limitações, os chamados partidos políticos; mas estes, por definição e exigências da sua vida própria, não representam nem podem servir a unidade nacional senão precisa e precariamente quando se unem - ou seja, quando se negam. ...Não há nada mais inútil que discutir política com políticos."
Professor António de Oliveira Salazar
Ass.: Besta Imunda
Oh! Besta Imunda, sinceramente...
O senhor, afinal, é um refinado salazarista. O senhor julga que pode passar uma esponja sobre o que foi o Salazar, o salazarismo, o Estado Novo, só que porque, neste momento, dentro do aparelho de Estado, por via das últimas eleições, se encontram indivíduos que representam o que de mais asqueroso existe no país em termos ideológicos. Individuos estão lá para cumprirem ao milimetro aquilo que o Opus Dei quer para favorecer os poderosos (tal como Sócrates favoreceu os poderosos da maçonaria.
O senhor cita um trecho declarativo do Botas de Santa Comba como se fosse um grande pensamento. Aquilo tresanda a ditadura...
O senhor esquece, mas esquece mesmo, a miséria que grassou no país durante mais de 40 anos, por causa do Salazar, porque este lacrau da política permitiu que uma classe parasitária se abotoasse com o suor e lágrimas das gentes da nossa mais do que produtiva lavoura. O senhor esquece a fome por que passaram diversas gerações de portugueses por causa desse grandessíssimo filho da pauta que foi o Botas de Santa Comba Dão, esse filho da pauta que, no pós II Guerra Mundial, fez ouvidos moucos à visão política de Norton de Matos. Um filho da pauta que, contra tudo e contra todos, em vez de entabular uma saída aiorosa para a questão das colónias, como preconizava Norton de Matos, e que teria evitado que fossemos parar ao regaço da União Europeia como pedintes, decidiu desatar aos tiros em África, como se a solução do problema fosse a via dos tiros.
Sinceramente, Besta Imunda. Sinceramente. Não esperava que o senhor fosse um saudosista. Que o senhor desanque, e muito bem, nas classes peralvilhas que orbitam sobretudo à volta do Partido dito Socialista, do Partido Dito Comunista, do Partido dito Social Democrata, do Bloco dito de Esquerda e quejandos, tem toda a razão para o fazer, pois está a tocar nas classes que depauperaram os recursos financeiros do país, sobretudo as classes protegidas pelo P"S" e pelo P"S"D. Mas que venha insinuar que a via salazarenta afinal era a que estava certa, isso já resvala para as raias das desonestidade política, da falcatrua intelectual, do desaforo ideológico.
Volto a insistir naquilo que sempre afirmei em textos no Braga Maldita: o problema do país é fácil de se resolver. É só ir ao património incomensurável das classes peralvilhass de que lhe falei atrás. Basta só isso. Confisquem-lhes os bens, arrestem-se-lhes as contas bancárias que, no verso dos talões de depósito, contém os códigos de dinheiros desviados para paraísos fiscais, acabem-se com fundações que são sorvedouras de dinheiros públicos, restabeleça-se depressa e bem a nossa estrtutura produtiva, no sectores primário e secundário, valorize-se o nosso capital humano, acabem-se de vez com reformass chorudas, taxa-se como deve ser o Capital vadio e fadango...
Decididamente o senhor não estudou a obra sociológica de António Sérgio, nem prestou atenção aos elementos da antiga União Nacional que tiveram de dar razão a António Sérgio, quando o citaram nos documentos que apresentaram a um congresso da década de 50 da dita União Nacional.
O senhor desiludiu-me como cidadão. Não passa de um franco atirador, inquinado pelas ideias salazarentas.
Vade Retro... Besta Imunda!
José António Vinagre- Nova República Portuguesa
Não. Não estudei a obra sociológica de António Sérgio - provavelmente a única 'obra' de que ele se poderia gabar alguma vez. E agora já não estou bem certo, mas julgo que só estudei uma 'obra sociológica' - um livreco qualquer (pífio e ensopado de marxismo labrego) que me obrigaram a ler para fazer um exame (tive 11 valores). Julgo-o, meu caro Vinagre, suficientemente honesto do ponto de vista intelectual para concordar que 'a culpa' não pode ser descarregada apenas nas larguíssimas costas do Grande Morto (a minha vénia...): o Homem, afinal, não teve mão em tudo, não conseguiu dobrar e convencer todos, teve de sobreviver, conciliar, fechar os olhos a muita canalhice. Salazar foi um grande estadista, um grande homem - com capacidades superiores, e de vontade inabalável. Não há quem se lhe compare em quase todo o Séc. XIX, em TODO o Séc. XX; e quanto ao XXI bem podemos esperar sentados e encomendar já almofadinhas para tornar o jazigo mais confortável. cumprimentos.
Ass.: Besta Imunda
Acho o besta imunda mais correcto que o vinagre.Acho que devemos respeitar a maneira de ver de cada um.Quem é que disse ao vinagre que está mais certo que o besta imunda?Lavagens de cérebros à parte,Salazar era inteligente,ilustríssimamente culto,quando comparado ao passado recente,admirado por grandes figuras estrangeiras que se deslocavam cá para o ouvir.Tirou Portugal da banca rota sem ajuda do fmi,salvou-nos duma guerra.Teve defeitos e bastantes:negligenciou os pobres,deixou que os poderosos triunfassem,durou mais do que devia,não é contradição,são verdades que acho que não devemos,para melhorar,varrer da História.Para descanso dos de pensamento único,passei e família as passas do Algarve,isto é,comemos o pão que o diabo amassou.
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