«Algo me escapa: o fascínio pela legislação da Esquerda. O Estado que tudo controla. O que se come, o que se bebe, o que se fuma… A vida privada cada vez mais enredada em regras, normas, artigos, regulamentos e adendas. Algures pelo mundo, burocratas paranóicos vão ajustando a realidade aos seus delírios — dos babás ao rum que já não podem levar rum, às colheres de pau que passaram a ser de plástico. Interrogamo-nos: que raio de tipos serão estes que se lembram de criar leis sobre tais coisas? O resultado está à vista: não andamos mais felizes.»
Ana Cristina Leonardo, Meditação na Pastelaria
Ana Cristina Leonardo, Meditação na Pastelaria
10 comentários:
Desculpará mas não. O texto é básico, no sentido de ignorante. Não se concorda com a eutanásia? Blogue-se sobre isso. Agora confundir eutanásia com eugenia é de uma atroz ignorância (parto do princípio que a jornalista escreve com o traço comum à corporação, ignorância, e não desonestamente). E esquecer que a inexistência de eutanásia implica legislação - tal e qual como a sua existência - é de um basismo ridículo. Enfim, está lançado o objectivo fundamental dos proponentes, a imbecilização do discurso público, nos prós e contras diários.
Não percebi, certamente por ignorância, isso da corporação.
Quanto à eutanásia e eugenia, a experiência nazi aproximou os conceitos - não fui eu (e esse é um fantasma, de facto). Aliás, é curioso verificar com o nacional-socialismo interrompeu essa experiência muito pela indignação dos próprios alemães que, quando a coisa ficou reduzida aos judeus, se indignaram muito menos.
Quanto à inexistência da eutanásia, a legislação é genérica - matar é crime (com várias atenuantes, aliás - sem esquecer que o suicídio tb. é crime e ninguém leva isso muito a sério...). Também sou contra a pena de morte. Mas não garanto que não tentasse matar quem fizesse mal às minhas filhas, por exemplo. Com os riscos e consequências que se seguriam... Basismos, naturalmente. O mundo não é perfeito? Não é. C'est la vie.
"Basismos, naturalmente".
Permita-me uma pergunta :não concordaria com a pena de morte para crimes devidamente tipificados?...
Se o ser humano não se comporta como deve, porque protesta contra as leis, sejam elas de esquerda ou de direita, a que o seu comportamento desmiolado dá origem?
Permita-me uma pergunta :não concordaria com a pena de morte para crimes devidamente tipificados?...
JSP: Não. Jamé. Mesmo (recordo, a título de exemplo, a confusão que houve em Israel para conseguirem enforcar o Eichmann - acrescento que se o tivesse encontrado a jeito, duvido muito da minha misericórdia - mas uma coisa sou eu; outra é o Estado)
Cáustico, não percebi a pergunta. As leis, sejam elas de esquerda ou de direita, são feitas por ETs com miolos, é isso?
Confundir eutanásia como conceito e/ou prática médica - queira-se ou não aplicar-se - com a eugenia, neste caso do regime nazi, que convocava o extermínio de grupos previamente considerados perniciosos é, na melhor das hipóteses, uma desconversa. "Um fantasma", se lhe quiser chamar assim, mas apenas para levar o hipotético debate para a superstição. Os conceito "foran aproximados" por via desse período? Desaproximem-se, fundamentalmente por quem sabe que eles são bem distintos.
O enquadramento legal da morte é variado - não só no nosso país, que é disso que se fala, como no nosso "arco civilizacional" (serve assim num mero comentário de blog). Existe, é complexo, seja na codificação como na jurisprudência, e nos valores que se lhe associam, bem como na prática e valoração militar, para além claro de tudo o que tem a ver com a prática (e teoria) da medicina. Não digo que seja similar à legislação sobre a eutanásia - apenas que dizer que "a esquerda" quer legislar e a direita não legisla é um argumento muito pobre, assenta na fragmentação da relação social (penal, jurídica e política, para além de valorativa) com a morte.
Confusão de conceitos, fragmentação a la carte dos fenómenos. Foi isso a que aludi como tique corporativo. Que tem muito mais a ver com o discurso generalista do que com qualquer malevolência.
Para mim, e não deixo de dizer que sou defensor da eutanásia, ainda que não militante furibundo, conviria muito mais discuti-la sem este tipo de "confusionismo". Para isso já bastará o discurso, e o verdadeiro motivo, dos seus partidários proponentes.
Um Juiz á conversa com 1 Filosofo, confessava-lhe assim;
- Eu sou a favor da pena de morte, existem certos indivíduos que nem o pão que comem merecem...não acha?
...Ao qual o Filosofo retorquiu;
Não, não sou a favor nem contra! Primeiramente, porque não sei o que é a Morte, em segundo, porque em vez de se castigar o Individuo, posso até estar a premia-lo.
Esta "meditação" não tem nada a ver com eutanásia ou eugenia; tem a ver, isso sim, com uma tentativa de impor ao povo português a ideologia que implodiu com o fim da União Soviética, chamada neo-social fascismo, porque imposta surepticiamente por via eleitoral. Quem tiver dúvidas vá consultar os arquivos desses países, está tudo lá.
Não tenho pretensões a mestre da língua portuguesa. Mas procuro escrever de forma simples para que todos possam compreender, sem qualquer dificuldade, aquilo que escrevo.
Não me preocupa o que for escrito em linguagem elevada. Os dicionários existem para me tirarem dúvidas sobre o significado das palavras do idioma português que possa desconhecer. Não me aflige a leitura dos trabalhos dos que escrevem bem. Tal leitura pode obrigar-me a uma maior perda de tempo, mas perda de tempo benéfica pelo muito que vou aprendendo do idioma que falo.
Incomoda-me, isso sim, a leitura dos escritos de certa gente que, por distracção, pela sua maneira de ser ou por qualquer outra razão que não consigo descortinar, o fazem de forma esquisita, não acabando a maior parte das frases, saltitando de frase para frase sem um vislumbre de coerência e sem porem bem a claro qual é o seu pensamento, aquilo que pretendem dizer. Isto para não falar dos estrangeirismos de que usam e abusam.
Num dos meus comentários, que a paciência do Dr. João Gonçalves permitiu que aparecesse no seu blogue, escrevi: “ Se o ser humano não se comporta como deve, porque protesta contra as leis sejam da esquerda ou da direita, a que o seu comportamento desmiolado dá origem”.
Um ser humano, a viver isoladamente, não precisa de leis. Faz o que lhe apetece, apenas com as limitações que a natureza e os outros bichos, ditos irracionais, lhe possam impor. Mas, se vive em comunidade com outros bichos da mesma espécie, tem forçosamente de refrear os seus apetites, por causa dos apetites legítimos dos outros. E como a humanidade foi reconhecendo, aos longo dos milénios, que é indispensável cercear apetites para evitar conflitos, criaram leis. Umas, perfeitamente acertadas, outras, autênticos absurdos, sempre de lamentar.
Sou legalista, porque entendo que a vida do ser humano em sociedade é inconcebível sem leis. O que é preciso é que sejam justas, que não visem apenas servir o interesse de qualquer Chico esperto que tenha infelizmente poder para as fazer. As leis devem servir para manter a saudável convivência dos seres humanos em sociedade. Não podem ser feitas por idiotas, por imbecis, apenas preocupados com o seu mesquinho interesse pessoal ou dos amigos ou camaradas.
Sei que há por aí muita gente que protesta porque naturalmente gostaria de andar com o rabo ao léu, com o rabo e não só, como gostaria; sei que há por aí muita gente que gostaria de nos dar cabo dos pulmões com o ar envenenado que o seu vício tabaqueiro produz, e como não o pode fazer protesta; sei que há muita gente que sempre protesta quando a lei impede que dêem largas às suas manias, às suas imbecilidades. Aguentem se as leis forem justas e servirem apenas os interesses legítimos de toda a comunidade.
Por gralha a palavra sub-repticiamente saiu "abrasileirada",portanto, errada. As minhas desculpas.
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