Vasco Pulido Valente aparece muitas vezes nestas páginas. É quase um hábito de leitura com mais de trinta anos. Por isso custa-me emendá-lo. A crónica deste sábado, no Público, é mais um pedaço de acrimónia simples contra o funcionalismo público. O argumentário é conhecido: os setecentos funcionários públicos, das contas de VPV, têm um vínculo perpétuo com o Estado que nenhum partido tem coragem de cortar. VPV, que numa entrevista recente referia que "ainda hoje telefonei para o ICS [Instituto de Ciências Sociais] a lembrar que estou quase a atingir a reforma", de certeza não estava a pedir ao ICS, ou seja, ao Estado, que lhe cortassse abruptamente o dito "vínculo" e o privasse da sua legítima aposentação. Depois, o governo anterior deixou o "vínculo" apenas para determinadas funções do Estado. A maioria dos funcionários são agora contratados em regimes jurídicos - de contratação em funções públicas - que variam. Finalmente não é verdade que «este governo já contratou à volta de 5 mil pessoas (parte, fatalmente, "com vínculo")». Um pouco mais de minúcia e VPV facilmente perceberia que esses contratos ocorreram entre Janeiro e Junho de 2011, sob a égide do governo anterior. Tudo, pois, às avessas,
2 comentários:
Hã? Se o João Gonçalves já lê o VPV há trinta anos, deve saber que ele vem dizendo o mesmo, com dezenas de variantes, há trinta anos.
O VPV, obviamente, como se sabe há pelo menos trinta anos, não é "funcionário público". É um Historiador a quem o estado deve um vínculo para continuar a explicar a esta corja imensa e incorrigível de encostados ao estado, que os nossos problemas surgiram com o governo do Fontes Pereira de Melo, mais coisa, menos coisa. Como ele gosta de lembrar, houve já alguém em Oxford que lhe perguntou porque raio se dedicava ele a escrever sobre território tão insignificante (em vez de escrever trinta tomos sobre o império britânico, ou, pelo menos, sobre a plantação de rosas nos jardins do college). Mas esta é a missão que ele tomou para com os indígenas. De qualquer maneira, por amor de Deus, o ICS não é um balcão de uma loja do cidadão ou a repartição de cobrança de água de uma câmara municipal.
Conclusão: isso que aí relata, essa coisa dos cinco mil nãoseiquantos, não interessa nada para a visão holística do VPV, o homem que há trinta anos nos vem ensinando como somos.
Fundamentalmente, não se confunda funcionários públicos com boys e girls. Estes últimos são uma criação "abrilista" que, na sua profunda ignorância e na sua incomensurável desvergonha, têm ajudado a destruir o país em variados sectores públicos e privados.Posso citar um que conheci bem nos anos 70 e 80: o sector turístico nacionalizado e o respectivo descalabro.A destruição por "gestores" rotativamente partidários de toda uma actividade anteriormente organizada de forma superior e altamente lucrativa para este agora pobre país.
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