Vi Roma a arder, e neros vários
bronzeados à luz da califórnia
guardar em naftalina nos armários
timidamente, a lira babilónia;
as capitais da terra, uma a uma,
desfeitas em nuvem e negra espuma,
atingidas de noite no seu centro;
mas nunca vi paris contigo dentro.
E falta-me esta imagem para ter
inteiro o álbum que me coube em sorte
como um cinema onde passava «a morte»;
solene imperador, abrindo o manto
onde ocultei a cólera e o pranto,
falta-me ver paris contigo dentro.
António Franco Alexandre
Não ficava mal a Woddy Allen conhecer estes versos de AFA. Midnight in Paris é um curto repositório de referências literárias e pictóricas à conta de um protagonista literato com cara de parvo e, sabe-se no fim, vagamente corno. Quem gosta de Paris, gostará de a rever na versão Allen. Quem gosta dos autores e dos pintores que "aparecem" invariavelmente depois da meia-noite ao imberbe literato decerto não ficará satisfeito. Mas é como reza o verso de Franco Alexandre (e, creiam-me, sou um "especialista" contumaz em parafrasear o verso), «falta-me ver paris contigo dentro.»
4 comentários:
Vi o filme e li a entrevista ao Expresso.
É um postal ilustrado de Paris das várias épocas e alguém deve ter pago bem por aquilo.
Ele próprio na entrevista diz que se lhe pagarem também faz um filme sobre Lisboa.
Ate eu faria e pelo dobro do preço.
Prefiro Londres...
O Filme é genial !
Deixe-se de pedantismos LOL
Caro João Gonçalves, mais uma vez da sua pena sai uma ideia/escrita luminosa - lembrar-se assim do verso do AFA.O W. Allen não faria melhor. Parabéns.
Adorei o filme, mesmo com as aparições pós meia-noite...
isabel a.
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