30.9.11

AS COISAS SÃO O QUE SÃO


«A informação hoje conhecida [desvio nas contas do primeiro semestre] é afectada de forma significativa, mas não determinante, pelas questões relativas às contas da Região Autónoma da Madeira. “A revisão [tendo em conta a Madeira] é da ordem dos 100 milhões de euros”, referiu, salientando que “o contributo da Região Autónoma da Madeira para esta informação nova do segundo trimestre é muito pequena”.» Em suma, «o problema da Execução orçamental em 2011 não se resume à Madeira, sendo que 80% do problema identificado tem uma origem diferente, como seja o aumento das despesas em remunerações certas e permanentes, despesas em bens e serviços e outras rubricas.»

Vítor Gaspar, 30.9.11

4 comentários:

Hugo da Graça Pereira disse...

É o legado do nosso querido exilado em Paris...

Anónimo disse...

Caro JG: sempre desculpalizando o dr. Jardim! Há comparações que são lamentáveis: uma delas é afirmar-se que havendo situações bem mais gravosas que as da Madeira, a dívida daquela região até não é tão grave quanto isso, Pois é: é que o somatório de todas as dívidas de cá e de lá é que levou ao descalabro da situação financeira a que Portugal chegou, em que a Madeira e o Dr. Jardim deram um contributo lamentável e irresponsável. O resto é conversa.

Lionheart disse...

Daqui por uns tempos a Madeira vai deixar de estar na ordem do dia, porque o escândalo do BCP vai abafar o resto da actualidade. Este processo VERGONHOSO é uma evidência da corrupção, excesso de poder dos partidos e dependência do Estado pelos grupos económicos. Assistiu-se à tomada de um banco privado pelo partido no governo, o PS. Assistiu-se a toda a espécie de pressões sobre os accionistas que estiveram contra esta ingerência política, a ponto de ninguém na estrutura accionista se atrever a pôr em causa uma administração que desacreditou o banco de tal modo, que este perdeu 86% do seu valor em bolsa desde que começou a guerra pelo controlo do BCP. Guerra cujo motivo último tem a ver com o acesso ao crédito.

De caminho aparece a figura ridícula de Joe Berardo, o testa-de-ferro do PS neste episódio, a quem o Estado deu de mão beijada um dos principais espaços culturais do país para uma colecção de arte completamente sobreavaliada do ponto de vista cultural e financeiro.

É preciso mesmo apurar responsabilidades. Responsabilidades sobre os offshores de Sócrates. Sobre a promiscuidade do Estado-PS com os grupos media amigos (grupo de Joaquim Oliveira) que tiveram acesso ao crédito em condições favoráveis, enquanto que um jornal como "O Independente" foi obrigado a fechar depois da dupla socialista ter tomado conta do BCP, o principal credor do jornal.

É preciso apurar responsabilidades sobre a programa Parque Escolar e porque é que a maioria das obras ficaram na mão de muito poucos empreiteiros. Programa esse que tem um endividamento galopante enquanto que a qualidade das obras é má.

É preciso apurar responsabilidades sobre a opção de fazer uma nova instalação para o Museu dos Coches, enquanto que o principal museu do país, o Museu Nacional da Arte Antiga está num espaço exíguo, numa zona onde não existe estacionamento para os visitantes. Ou o Palácio Nacional da Ajuda, que em quase 30 anos de "Europa", tendo-se gasto tanto dinheiro em tanto evento "cultural", nunca foi alvo de uma intervenção de fundo para dignificar o maior palácio do país, como este merecia. Um desperdício. Como quase tudo nesta passagem pela "Europa".

http://www.ionline.pt/dinheiro/troika-investiga-carlos-santos-ferreira-armando-vara

Pedro Ferreira Marques disse...

Um Governo Regional de um Território com 2,5% da população portuguesa é responsável por 20% do desvio. Aparentemente, isto não é motivo de espanto e censura para si. Mas como Portugal é país de brandos costumes e muita tolerância, onde a merda do vizinho serve sempre para tapar a nossa, se se tratasse de simples despesismo, podíamos puxar as orelhas a João Jardim e seguir em frente. Só que não é. AJJ mentiu repetida e deliberadamente nas contas enviadas às entidades fiscalizadoras. É ele mesmo que diz que mentiu, para que o governo da República não lhe cortasse nos fundos futuros. Trata-se de um "caso único", nas palavras do ministro Gaspar. Trata-se, evidentemente, de um caso de polícia, já que este crime está tipificado no código penal português, digo eu.