10.10.06

UMA CIVILIZAÇÃO


Vim de lá agora. E tinha lido o livro de que fala Henrique Raposo. Quando se percorre as grandes e as pequenas ruas de Roma, percebe-se em quase todas as esquinas o que "substituiu" verdadeiramente a civilização romana. Tem em cima, à entrada, o símbolo papal. São igrejas, dezenas delas espalhadas pela cidade. Tinha razão o Papa, outro dia, quando disse que "éramos fortes". Ao ouvi-lo no domingo, na Praça de São Pedro, ocorreu-me que a "natureza de Deus" - de que tanto se falou, e mal, a propósito da lição de Ratisbona - espreita a cada canto da Roma grandiosa e desaparecida, por detrás do produto poderoso da razão humana destinado a perpetuar um destino e um desígnio fabulosos. Está tudo impregnado nas paredes, nos altares, nas colunas, nos tectos, nos "frescos", nas telas, nos túmulos. Está lá tudo e estamos lá nós. Quem ainda não entendeu isto, meta explicador.

14 comentários:

Anónimo disse...

E o manualzinho do Ratz versando sobre a forma de negociar com crianças e jovens que sofreram abusos do clero que, consta por aí, foi em tempos distribuído a senhores bispos, não o encontrou por acaso nos alfarrabistas romanos? Dizem também que aconselhava ameaçar de excumunhão nos casos mais renitentes ... †udo boatos concerteza. Ele era lá possível uma coisa dessas!

Anónimo disse...

Já não bastava a nefasta influência das alminhas da "Atlântico".
Segundo eles e o profundo pensador neo-con que pariu a dita prosa, Roma gozava se calhar de excelente saúde e vieram os malandros dos bárbaros e zás ...
Talvez tenham uma certa razão no entanto quando referem a Europa (e os EUA acrescentaria eu): é que os romanos também não se aperceberam de que estavam decadentes e maduros para serem colhidos. Ora a lógica vital do mundo requer que os decadentes sirvam de estrume para o nascimento de outras civilizações.
E a ideia de que só mil anos depois veio o milagre da civilização é mesmo ... maquiavélica. Essa visão foi completamente abandonada pelo menos nos anos 70 do século passado.


Paulo Wilkins-Rumblestone
PhD. em História (Oxford Univ.)

Anónimo disse...

«sensato não repetirmos a sua complacência»*
«aquela ideia angelical que consagra uma suave transição»**
«criar uma “identidade” europeia»
«os romanos... estavam tão certos como nós»***
*Não é uma questão de sensatez. Antes um problema de natureza humana e política das sociedades. Que não são eternas.
**Ideia angelical de quem, senão de muito bom ignorante?
Suave transição num processo de parto?
***Identidade europeia? Como, se a Europa teve o seu tempo nos séculos XV-XIX? O tempo dos estados guerreiros da Europa ocidental.
Na Europa, a decadência já está garantida. Outros se seguirão.
PS: quanto à proliferação dos bárbaros, não é verdade que os civilizados estão a deixar de ter filhos?
E que os poucos que têm,não querem sujar as mãos com duas coisas: trabalhos braçais e serviço militar?
Não há volta a dar. É da natureza das coisas. Melhor e mais sábio, seria saber perder. Igualmente utópico.
Z

Anónimo disse...

"Está tudo impregnado nas paredes, nos altares, nas colunas, nos tectos, nos "frescos", nas telas, nos túmulos. Está lá tudo e estamos lá nós"
1. esta imagem é bolorenta e deve cheirar mal, porque Roma é uma cidade porca suja
2. em Roma o bom são os romanos/romanas
3. não percebo porque é que esta gente que tanto aprecia o 'lá fora' não fica por lá, passeando-se na civilização que tanto apregoam. (quer dizer eu até percebo, ninguém os quer lá

Anónimo disse...

são os chamados embasbacados, que é um estado de espirito perigosamente perto da idiotia

Anónimo disse...

..."embasbacados" ficamos nós todos, os portugesitos, quando ouvimos dizer o quanto ganham os "viventes" dos países evoluídos!!!!´
É uma questão de nível de vida e.....de nível de mentalidades também!!!!....

Anónimo disse...

Quanto mais ganharem de mais alto cairão. A queda dos impérios tem dessas coisas.

Anónimo disse...

Assim sendo, anónimo(a) das 12:22, Nós estamos na CAVE - não há SEQUER qualquer queda!!!!

Que BOM para si .....

Anónimo disse...

HA! HA! HA!

«MEU DEUS» ... MAS SERÁ PRECISO IR A ROMA PARA «SENTIR A NATUREZA DE DEUS»?!!!

«Quem ainda não entendeu isto, meta explicador.»

ORA AÍ ESTÁ! MAIS UMA VEZ SOMOS (os patetas que "ainda" por aqui passam)MUITO IGNORANTES ...!

VAI MESMO BEM ... CONTINUE

Anónimo disse...

Caro JG,
não vale a pena «meter explicador».
Nãopodemos deixar de nos sentirmos 'tocados' em Roma e arredores.
Tal como em Atenas.
Mas que é hoje a Europa, senãouma colónia americana?
Com ou sem complexos.
Z

Pedro Correia disse...

Caro João, não sei o que mais admirar: se a argúcia dos teus textos, que vêem sempre mais longe do que o habitual, se a cobardia desta legião de pacóvios que sob a capa do anonimato procuram beliscar-te, naturalmente sem o conseguirem. Um grande abraço.

Anónimo disse...

Mas que “desassossego” que vai por aqui!

Bernardo Soares explica:

“O AMBIENTE É A ALMA das coisas. Cada coisa tem uma expressão própria, e essa expressão vem-lhe de fora.
Cada coisa é a intersecção de 3 linhas...: uma quantidade em matéria, o modo como a interpretamos, e o ambiente em que está.”

Se o João Gonçalves vê em Roma a Natureza de Deus a espreitar, isso não me impede de ver a mesma Natureza – também a espreitar - na Lagoa do Fogo em S. Miguel, ou até no cozido das furnas. Ele espreita em todo o lado. Sinceramente não percebo a controversia.

Anónimo disse...

"a argúcia dos teus textos, que vêem sempre mais longe do que o habitual"

esta partiu-me todo.

continuem a apreciar o horizonte radiante que nos proporciona o senhor.

Anónimo disse...

Anonymous das 09:31,

Para mais algarviadas do Pedro Correia pode sempre ler as suas p(b)ostas no "Corta-Fitas".
É mesmo de chorar (a rir...)