2.10.06

OS TEATROS DO PODER

No âmbito da esquizofrenia concorrencial que atacou a imprensa escrita, o Público reabriu os portões da edição online ao povo. Pelo menos parte dela. Tal permite aceder a este artigo do Augusto M. Seabra sobre a saga dos teatros nacionais. Não é das prosas mais felizes do Augusto. É palavroso, repetitivo e, quer online, quer em papel, tem gralhas. Todavia, a ideia geral é que conta e, salvo a imodéstia, parece resumir-se ao seguinte:
  • a actual tutela da Cultura, especialmente o seu secretário de Estado, o sr. prof. dr. Vieira de Carvalho, formado na melhor ortodoxia da extinta RDA, imagina que tem um "programa" para os teatros nacionais, dirigista e de "compromisso" político, como não podia deixar de ser;
  • escrevo "imagina" porque, com o dinheiro que está afecto à Cultura para 2007, ele pouco mais pode fazer para além de manter o insustentável status quo na gestão dos ditos e a inverosimilhança de muita da sua programação, quando ela existe;
  • nenhum- repito - nenhum dos teatros subsidiados pelos impostos, ou entidades equiparadas - veja-se a recente destruição do "projecto educativo" no CCB promovido pelo "escritor" Mega Ferreira -, se preocupa minimamente com a formação de novos públicos ou com os "serviços educativos", como as respectivas leis orgânicas em vigor determinam que se faça; quando muito, aparecem umas escolas para ver as paredes e entretém-se um ou dois funcionários com o trabalho de guia;
  • os teatros e equiparados trabalham para "velhos" públicos: para o poder político que "está", para os "da casa", para as "elites" que não existem e para os amigos se poderem pavonear ou fazerem "uma perninha";
  • nessa matéria, naturalmente que a ópera é o espectáculo mais caro e mais despesista, o que não impede que Jorge Vaz de Carvalho, actual director do Instituto das Artes, queira - como sempre ambicionou - o lugar de Paolo Pinamonti, sobretudo quando está instalada, a nível institucional e político, uma espécie de revivalismo abstruso e dirigista cuja imagem de marca reside na direcção do Teatro Nacional D. Maria II.
Não era bem isto que o AMS queria dizer, mas é o que eu quero dizer.
Adenda: Afinal, o Público só abriu umas vagas janelas que excluem suplementos e artigos de opinião. O link é só para assinantes.

4 comentários:

Anónimo disse...

João, o Público continua fechadíssimo, a sete chaves e cadeado. O que se lê, seguindo o teu, desculpa, o seu, enfim... o danado do link do Portugal dos Pequeninos é : Este serviço é pago e reservado a assinantes.
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João Gonçalves disse...

Não é isso que vem no papel,sorry.

Anónimo disse...

O J.Vaz Carvalho devia só CANTAR....é o que ele sempre fez! Quer o lugar do Pinamonti???? Valha-nos Deus!!! O são Carlos não pode andar de cavalo para burro!!!!!!!!

Anónimo disse...

Porque são dirigistas os do DMaria?
este ano já houve por lá mais apresentações de criadores diferenciados que nos ultimos 2 anos para aí...
não consigo perceber essa onda anti fragateiro.