9.10.06

O HOMEM MÉDIO

Uma pessoa chega cá e, distraidamente, no carro, ouve o novo Procurador-Geral da República quando tomava posse. Agora é que é? Quando os anteriores tomaram posse, também "era". Souto Moura foi um "mau" PGR? Não tenho a certeza. À substância preferiu a forma e, realisticamente, a forma não pôde ser mais infeliz. Não se sabia quem mais mandava, se ele, se o sindicato do dr. Cluny. Talvez daqui a alguns anos - o tempo, esse enorme escultor, opera verdadeiros milagres - se possa dizer que, afinal, Souto Moura foi o mais isento dos "pgr's" da democracia. É claro que não percebeu nada do país e, pior do que isso, do regime, como o seu maquiavélico antecessor percebeu. Por seu lado, o conselheiro Pinto Monteiro acha que vai combater a corrupção, um direito-dever que lhe assiste. E acrescenta que deve valorizar-se a "concepção moral do homem médio", isto a partir da ideia - justíssima, aliás - de que não se pode afastar a "ética" do serviço público e dos costumes. Com o devido respeito, senhor conselheiro, naturalmente que lhe assiste toda a razão. Todavia, e apesar de as sebentas de direito me terem introduzido no sublime conceito de "homem médio", suponho ser prudente fugir do referido "homem" e da sua "concepção moral" como o diabo da cruz. A democracia é, por natureza, o reino do "homem médio" e as respectivas "elites" são o que se sabe. O senhor conselheiro entende, sinceramente, que o "homem médio" é exemplo para o que quer que seja? Boa sorte.

7 comentários:

CAA disse...

Caro João,

Não tem a certeza de que foi mau? Tem a certeza do que disse?

Anónimo disse...

O sr. conselheiro parece-se cada vez mais com o idiota útil nesta história: no momento em que os partidos se conluiaram para se pôr ao abrigo do longo braço da lei (o famoso pacto), o conselheiro serve de válvula de escape para o sistema.

Anónimo disse...

O sr. conselheiro parece-se cada vez mais com o idiota útil nesta história: no momento em que os partidos se conluiaram para se pôr ao abrigo do longo braço da lei (o famoso pacto), o conselheiro serve de válvula de escape para o sistema.

Anónimo disse...

Até que enfim, vamos ter um PGR que vai combater a corrupção.
A corrupção vai acabar! Desta vez é que é!...
(como das outras vezes, aliás...)
Pois é...
.

Anónimo disse...

Será que Sócrates pode ser considerado um "homem médio"?





o-anónimo-médio

Anónimo disse...

Para quem tenha ouvido alguma coisa que se disse hoje a propósito da ocasião, o novo PGR a certo momento disse, a propósito de algumas "experiências" judiciárias recentes, algo do género: que os tribunais provam a inocência dos arguidos. Suponho que não é novidade para ninguém que quem prova os factos são as partes, não os tribunais... e em processos criminais quem tem o dever da prova é o próprio Ministério Público, titular da acção penal. Achará este PGR, consciente ou inconscientemente, que pode descartar a responsabilidade do MP por incapacidade do exercício da sua função apontado o dedo à magistratura judicial? Se alguma dúvida quanto ao que vem, por benefício poderia eventualmente aproveitar a este personagem, logo no primeiro acto se desvaneceu. A este "homem superior" real ainda assim prefiro o conceito de "homem médio" das sebentas, que pelos menos tem uma "concepção moral"... própria. E o homem médio entenderá que o senhor conselheiro é exemplo para o que quer que seja?
kk

Anónimo disse...

O "juiz-médio" terá uma concepção moral semelhante à do "homem-médio"?

Ou parecida com a do "advogado-médio"?

E quem é que nos livra da concepção moral dos "delinquentes-máximos"?...