Numa fulgurante entrevista ao Sol, José Rodrigues dos Santos não faz a coisa por menos: "sou o rei da síntese". É bom lembrar - sobretudo para aqueles que não tiveram a felicidade de passar o verão na praia agarrados ao "Codex 632" - que Rodrigues dos Santos pariu, no ano corrente, uma das prosas mais vendidas do ano, a tal que mistura sopa de peixe com leite das mamas. Cento e vinte mil exemplares dão bem a dimensão da nevrose colectiva. Aos poucos, com paciência e método, Rodrigues dos Santos vai "evoluindo" de jornalista para "Paulo Coelho". Depois da "história", este "autor" quer agora, com a sua nova obra "A fórmula de Deus", "tentar provar a existência de Deus". O nosso "Coelho", por enquanto, é mais modesto do que o original, já que se contenta com umas tretas pseudo-inspiradas e pseudo-cultas, enquanto o outro nos pretende rigorosamente salvar. Lá chegará, dada a tal "realeza da síntese" que perpetra na sua "obra literária". Para já, o novo livro de dos Santos "tem descobertas da ciência" que - como lhe poderemos agradecer tamanha graça? - "levo ao grande público". Depois, vem esta pérola esmagadora: "se queremos provar a existência de Deus temos que procurar duas coisas: inteligência e intenção". Como diz o outro, importa-se de repetir? Tal como a "elite portuguesa" - de que Rodrigues dos Santos diz "achar-se muito importante" - também ele, pelos vistos, se acha "muito escritor". Nem aquela, nem ele são uma coisa nem a outra. Apenas se merecem. Não é fácil dizer bem.
8 comentários:
Fui passear e encontrei um chinês...
Quer que lhe explique outra vez?
Desculpe o reparo João Gonçalves, mas este pretensa superioridade intelectual bacoca que critica no José Rodrigues dos Santos não é a mesma que você usa quando diz que a pergunta do referendo não é acessivel aos Portugueses, esses ileterados e pouco inteligentes ?
Just asking...
ps:realmente esse trecho da sopa de peixe com leite das mamas da Sueca é a única coisa interessante do livro.
Caro Pedro Almeida: o comentário sobre a pergunta é mesmo sobre ela e não sobre os que vão pronunciar-se sobre ela. Repare no "cuidado" em não dizer o óbvio: legalização total do aborto desde que praticado até às 10 semanas de gestação. Ou temos medo das do nome das coisas?
Nunca li uma linha desse dos Santos, mas, pelas bacoradas que costumo ouvir-lhe no Telejornal, imagino a excelência do Português da sua "literatura.
Admito que a questão tem o seu quê de politicamente correcto.
Mas o meu comentário advem de que o Rui Castro, incontinentes verbais, mencionou que se estavam a aproveitar da ileteracia das pessoas. Isso já não consigo aceitar.
Rodrigues dos Santos parece que conseguiu aquilo que nem S. Agostinho nem Tomás de Aquino conseguiram. Bravo!
Seria interessante ver o Saramago ou o Lobo Antunes a apresentar o Telejornal.
Não sei nem tenho vontade de saber o que vale o Santinho como escritor, uma vez que o considero francamente insípido e pegajoso na sua função maior que é a de jornalista.
Ainda assim, aposto que o Saramago e o Lobo Antunes seriam melhores no Telejornal do que o Santinho no romance.
Palpites...
...pois eu acho que o Rodrigues dos Santos está muito acima da média portuguesa......
É que: "quem desdenha quer comprar"??!!!
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