UMA CHANATA NO PÉ
Referências: Roland Barthes, Mitologias e Sistema da Moda, trad. nas Ed. 70
Não sei se já alguém reparou que, pelos dias quentes que correm, emergiu uma "moda", particularmente pelo lado masculino da coisa, de recorrer aos chanatos de enfiar entre o dedão grande do pé e o imediatamente ao lado, de borracha, que se adquiriam a modesto preço "made in taiwan". E não para ir à praia ou a uma piscina. É mesmo peça de vestuário! É, pois, chique. Aliás, estive no passado fim-de-semana em Barcelona e percebi que a coisa estava "globalizada". Eu não tenho nada contra, pela simples razão de que acho que um bonito pé - independentemente da proveniência - merece ser contemplado, sem fetichismos doentios. O que já me incomoda é este "sistema da moda" que exerce uma espécie de avidez colectiva em seguir o padrão em voga, sem pensar que me limito a copiar o vizinho. Não se trata naturalmente apenas e só de uma reacção ao calor. Lembro-me de que, ainda há não muito tempo, era "o máximo" andar de fato e com os sapatos sem meias. Eu, liberal como sou, fico indiferente a estas nuances que me limito a apreciar descomprometidamente. Como lembra o nosso amigo Mário Soares, e com o sucesso que conhecemos, é fundamental sentirmo-nos bem na nossa pele. Mesmo de chanata no pé.
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