A CASA DA MÚSICA
Pelo que leio nos jornais, os dirigentes nortenhos do PSD descobriram uma serôdia vocação musical clássica, uma vez que me recuso a acreditar que, por detrás de determinadas posições, esteja o rasteiro expediente do costume: diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és. Eu não conheço o Burmester a não ser de concertos, nomeadamente quando abriu a Lisboa 94, no Coliseu, ao lado de Sir Georg Solti. Mas já percebi que andam mortinhos por se verem livres dele (vejam-se as declarações de Rui Amaral há pouco no jornal da RTP).Nesta peripécia, há uma parte de razão nos "outros", ou seja, fazendo Burmester parte da administração da Casa da Música e tendo andado a dizer o que tem dito acerca dos membros da dita e seus contribuintes líquidos (Câmara, Ministério da Cultura...), melhor seria se o fizesse fora da estrutura, adquirindo assim outra legitimidade.É que ele é uma das "peças" mais antigas da dita administração e, apesar dos pergaminhos, enquanto lá permanecer, é co-responsável por aquilo que verbera.
Porém, nada disto justifica que se passem coisas como as que detectei, relatadas no Público.pt:
"O ministro da Cultura ainda não decidiu como irá resolver o conflito entre o presidente da administração da Casa da Música, Rui Amaral, e Pedro Burmester – cuja demissão foi exigida por Rui Rio –, mas a crise já ameaça fazer vítimas colaterais, a começar pela directora do teatro municipal Rivoli, Isabel Alves Costa.
Em declarações publicadas ontem pelo “Jornal de Notícias”, o líder da concelhia do Porto do PSD, Sérgio Vieira, desafia o vereador da Cultura de Rui Rio: “Espero que uma da primeiras decisões que Marcelo Mendes Pinto tome na segunda-feira [hoje] de manhã seja pedir a demissão da directora do Rivoli”.
Em causa está uma breve declaração de Isabel Alves Costa em que esta, já depois de Rio ter pedido a demissão de Burmester, elogia a qualidade da programação da Casa da Música e manifesta o desejo de que o pianista se mantenha no projecto.
Ao mesmo tempo que pede ao vereador da Cultura que demita a directora do Rivoli, Sérgio Vieira assegura a Rio que este terá “todo o apoio” da concelhia do partido se decidir retirar o pelouro ao próprio Mendes Pinto, que ocupa um dos lugares atribuídos ao PP no executivo da Câmara do Porto.
É que também o vereador, numa primeira reacção aos ataques de Rio a Burmester, afirmou que o músico é “uma figura incontornável da cultura portuense” e defendeu que o Porto lucraria se este continuasse a “pensar a Casa da Música”. Uma declaração que levou o líder da distrital centrista, Álvaro Castelo Branco, a demarcar-se do seu colega de partido e a solidarizar- se publicamente com Rio.
No mesmo dia, Mendes Pinto veio corrigir as suas primeiras afirmações e reconhecer que Burmester se colocara numa “posição insustentável” e que teria de ser demitido.
O PÚBLICO tentou ontem, sem êxito, ouvir o vereador da Cultura, que poderá anunciar ainda hoje se tenciona, ou não, demitir Isabel Alves Costa. Também o futuro de Pedro Burmester na Casa da Música deverá ser decidido em breve pelo ministro da Cultura, que se reunirá amanhã com o Conselho de Administração da sociedade."
Dois comentários:
1. Confio na serenidade do Dr. Pedro Roseta para mediar esta situação e,do que conheço dele, tudo fará para manter Burmester na Casa da Música, caso ele não opte por saír pelo seu próprio pé;
2. O Dr. Rui Rio, do que também conheço dele, não comunga do mesmo registo "grande-inquisidor" de Sérgio Vieira, o líder concelhio do PSD, que até o vereador do PP quer sanear. Alguém deveria explicar à criatura que, por esse caminho, o PSD Porto se aproxima rapidamente do pior estilo da dupla Gomes/Narciso que dominou o caciquismo nortenho nos últimos anos.
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