A NOVELA DOS TELEJORNAIS ( A TVI)
No final dos anos 70, Portugal acordou para a realidade das telenovelas brasileiras com a adaptação do "fresco" baiano de Jorge Amado, "Gabriela Cravo e Canela", seguindo-se outros sucessos associados à exclusividade de antena da RTP. A emergência das "privadas", primeiro a SIC, depois a TVI, deu continuidade ao fenómeno, disputando agora esta última o primeiro lugar das audiências com as telenovelas portuguesas. Eis que, talvez embalada por este fenómeno, a TVI (especialmente) faz do seu "Jornal Nacional" (parece que é assim que se chama) uma autêntica novela que se prolonga por cerca de duas horas! Há de tudo um pouco: desde um qualquer recôndito crime, até à curiosidade obscura e inútil, passando pela política caseira e internacional onde normalmente os pivots aproveitam para dar uma arzinho da sua graça, no final de cada peça, a meio caminho entre "provedores" dos espectadores e comentadores residentes. Percebe-se que o combate feroz pelos "shares" de audiência conduza a tamanho despropósito, mas o espectador que muito humildemente quer saber o que se passa ( o "perceber" passa por outros registos que não o das graçolas ou o das vozes distorcidas e de rostos mascarados a atingirem o nível do insuportável) é que não tem nada a ver com isso. Esticar um telejornal em nome da vulgaridade e do circo, não abona quem deliberadamente o produz, nem contribui para aumentar os terríveis indíces de cidadania responsável. Afinal, como perguntava há uns anos o José Pacheco Pereira, o que é que comunica a comunicação social? Voltaremos ao tema mais tarde.
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