30.6.03

O DR. PEDRO ROSETA

Esplendidamente cândido, o Ministro da Cultura disse ontem em Coimbra o seguinte: "só irei cumprir este mandato", e mais adiante, "interrogado sobre se está disposto a desempenhar até ao fim o seu actual cargo, o ministro respondeu afirmativamente. "Se o sr. primeiro-ministro quiser. Posso acabar já amanhã". Depois, a propósito dos dinheiros, referiu que "estamos a pagar os esbanjamentos dos outros ministros".

Eu - já o disse- simpatizo com Pedro Roseta. É um homem bom, generoso e culto. Percebe-se diariamente o incómodo que lhe causa a pasta que o Dr. Barroso lhe decidiu outorgar. A cultura necessita de uma outra ambição e de um outro desígnio, e é grave que um governo de maioria não perceba isto. Quando Roseta menciona os "esbanjamentos" anteriores, não pode ignorar o estado praticamente letárgico em que todos os sectores do seu Ministério se encontram. A plataforma custo/ benefí­cio, como programa, não faz decididamente uma polí­tica. Reduzir tudo, mesmo nestes tempos difíceis, ao dogma contabilístico e à  pura intendência, é menorizar a missão da instituição que dirige. Das duas uma: ou o Estado quer continuar a intervir na área cultural, como tutela, e dota o sector com a dignidade orçamental mínima adequada a uma ambição e a um programa "políticos", induzindo simultaneamente parcerias e mecenatos, ou deixa que o sector seja absorvido pela famigerada "sociedade civil" que, entre nós e nesta matéria, salvo honrosas excepções, tem a dimensão mental de um rato.

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