25.6.03

RESISTIR

Quando alguém diz bem aquilo que nós também pensamos, não vem mal ao mundo a citação. Verdadeiramente, julgo que tudo já foi mais ou menos dito, e com mais ou menos inspiração e verdade. É por isso que me são simpáticas as perspectivas pragmáticas e contingenciais a que já fiz referência neste blogue. Nestes dias em que se tem assistido à sobreposição das vontades partidárias mais reles sobre situações muito concretas - Cruz Vermelha e Casa da Música, por exemplo - não resisto a colocar aqui parte do artigo de António José Teixeira, hoje, no Diário de Notícias, cujo título é..."Resistir à mediocridade". Ora aí vai.

"Os tempos vão desconfiados. Intolerantes. Contam-se cabeças, fidelidades. A crítica torna-se insuportável, não a incompetência. Os aparelhos partidários, sedentos de mando e posição, espreitam lugares, os que restam. As hierarquias da situação pedem cabeças. Sem pudor. Há sargentos atentos à dissonância. Fazem-se julgamentos sumários com uma desfaçatez a querer dar ares de naturalidade. Se alguém pisou o risco da crítica fora do local apropriado e, pior do que isso, não é dos «nossos», deve pôr-se na rua, clamam voluntariosos algozes. E se algum dos «nossos» tem a veleidade de elogiar um infiel deve merecer tratamento idêntico. A cegueira de espírito não tem contemplações. Pouco importam razões, créditos, projectos e resultados. Importa a partidarite, a mesquinhez, a inveja do telemóvel, o empurra a ver se saltas... Salta que vem aí patriota! O jogo não é original, tende a repetir-se ao ritmo da alternância da clientela. Não há reforma que resista ao poder da mediocridade

A mediocridade não é um exclusivo português.

Uma boa parte das universidades dos EUA impõe códigos de conduta que desafiam a racionalidade. Mais de 1500 escolas, conta um repórter do El País, censuram o «politicamente incorrecto». A Universidade de Yale proíbe «olhar outra parte do corpo que não seja a cara quando se fale com alguém». O mesmo se diga de «inflexões de voz, que denotem insinuações sexuais quando se elogie a roupa ou o aspecto de alguém». O código de conduta de Harvard pune «comentários pejorativos, epítetos ou referências a estereótipos sociais». Em Berkeley pode falar-se contra sujeitos colectivos, «não contra indivíduos». No Texas, impede-se a expressão de «opiniões impopulares» e distribuição de jornal ou panfleto com «uma mensagem não autorizada». Expressão não censurada só é permitida num perímetro de 7 m. de diâmetro. Há muitos protestos, acções judiciais, há quem tema que este ambiente esterilize ideologicamente a actual geração."

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