5.9.11

QUANDO SE CHEGA ONDE NÓS CHEGÁMOS*

«Fizemos escolhas que foram impostas em grande medida pelas circunstâncias que nos foram dadas. Por exemplo, não escolhemos uma deficiente execução orçamental que, por sua vez, nos levou a aumentar impostos. Também não escolhemos níveis assustadores de endividamento público e privado que nos obrigaram a iniciar um processo rápido de desalavancagem. Não escolhemos os efeitos acumulados de escolhas que durante anos e anos não foram feitas. Não escolhemos os resultados hoje bem evidentes de sucessivos adiamentos. Agora é preciso dizer: nós escolhemos não adiar mais. Quero dizer-vos que não podemos mais aceitar a arrogância da nossa política, que constrói castelos no ar feitos de leis altissonantes, de instituições distantes e de belos princípios, para do alto das nuvens poder olhar para as casernas sombrias onde as pessoas vivem. A política tem de estar ao serviço das pessoas, tal como as leis têm de estar ao serviço da sociedade. E que princípios são esses que multiplicam os pretextos para irmos perdendo mais e mais oportunidades? Escolhemos este momento para agir de uma vez por todas sobre os nossos desequilíbrios financeiros, sobre o nosso endividamento, sobre os nossos bloqueios económicos, sobre as insuficiências da nossa educação, sobre a lentidão da nossa justiça, sobre as ineficiências nos serviços estatais, sobre os nossos imobilismos e desigualdades sociais, sobre as assimetrias regionais. Este é o momento para o fazer. Escolhemos converter estas terríveis circunstâncias numa grande oportunidade. E essa escolha é nossa.»

Pedro Passos Coelho, Castelo de Vide, 4 de Setembro de 2011

*de um texto de Vasco Pulido Valente. No fundo, é sempre a mesma questão - por que é que chegámos até aqui? A isto os tagarelas do costume não respondem. Também não podem.

4 comentários:

floribundus disse...

chegámos
porque os sapatilhas são os melhores representantes do zé povinho
que está gordo e anafado
e faz manguitos ao pagamento das dívidas

Anónimo disse...

O discurso não tem mácula. É a verdade pura e dura. Aguardamos os desenvolvimentos...

Ainda no fim-de-semana vi uma reportagem numa TV sobre uma visita da ASAE a Vilar de Perdizes (a propósito de uma coisa qualquer de medicina popular), que uma das participantes na exposição foi multada (200 €) por não ter registado a marca e feito mais não sei quê "burrocrático". A mulher dizia que a produção dela em quantidade não justifica os custos dessas exigências de loja gourmet... É com cenas destas que perdemos a competitividade e que cortamos a vontade de trabalhar das pessoas.

É nisto que aguardo acção, a revogação de todos os regulamentos que os burrocratas foram criando para "proteger" os compradores, os trabalhadores, os consumidores, e outros "-ores". Será um primeiro passo para reduzir os custos de produção. Mais eficaz que a TSU e as leis laborais!

PC

Anónimo disse...

Certamente escolheram. 1/3 a 1/4 do aumento da Dívida Publica de Sócrates foi feito com o apoio político do PSD na Assembleia.
Passos Coelho disse alguma coisa?


lucklucky

Cáustico disse...

Essa do apoio político do PSD na Assembleia já está muito gasta. Viu-se o que aconteceu quando se encheu e chumbou o PEC IV.