23.9.11

O PAU QUE BATE

«Não haja dúvidas de que aquilo que se verificou nas contas públicas da Madeira é reprovável. Vale no entanto a pena perguntar se é muito diferente do que se faz no país em geral. No essencial, o que o Governo regional fez foi gastar sem orçamentar. Mas, vendo bem, o que significa então a sistemática suborçamentação do Serviço Nacional de Saúde? No início de todos os anos é-lhe atribuído um orçamento. No final, esse orçamento é ultrapassado em muito, tendo de ser coberto com receita futura. O que representam as Parcerias Público-Privadas senão gastos não orçamentados que terão de ser pagos depois? O que é a miríade de empresas públicas e fundações cujo único propósito é desorçamentar, isto é, retirar gastos do orçamento agora, reaparecendo mais tarde sob outras formas? Acresce que Alberto João Jardim governou como toda a gente governou em Portugal: grandes projectos, muitas estradas e despesa social - a Madeira tem bons serviços de Educação e Saúde. Este pau que bate na Madeira é, afinal, muito carunchoso.»

Luciano Amaral, CM

3 comentários:

Anónimo disse...

O Dr. Gonçalves e Luciano Amaral têm, de um modo geral, razão em colocar o caso da Madeira em perspectiva; os brados jornaleiros e políticos contra Jardim são parciais e "estão na moda". Esses brados deviam ser justamente/igualmente distribuídos por todos os incompetentes da governação com igual diligência; e não foram. Pessoalmente não tenho já qualquer simpatia pelo homem (em tempos muito recuados, quando nada disto se adivinhava tão gravemente no horizonte, A.J.Jardim era uma oposição desassombrada à esquerdalhice pedante e incompetente da República) e os 'pontos' que ele foi marcando também os foi perdendo mais recentemente. Passou, há muito, à má-criação e à grosseria - o que num governante (pelo tristíssimo exemplo) não é aceitável. O estilo sul-americano do Líder-da-Madeira passou a grotesco e não promoveu a melhoria pessoal, moral, cívica e intelectual das suas gentes. Patrocinou e patrocina - com dinheiros públicos - clubes de futebol... Inaugura obras como quem bebe copos de poncha; re-inaugura obras com charanga e foguetes; promove 'centros culturais' que ninguém usa (fazendo lembrar Canavilhas e os seus "agentes de cultura" que têm 10 actores e cinco espectadores); enfim, usou o mesmo esquema cigano da desorçamentação, do déficit e da contabilidade-sócrates: e aí parece de facto não se distinguir em nada da esquerda - que Alberto João zurze constantemente de maneira furiosa. Teve a mesma política (portuguesa) do "fartar vilanagem"; a questão da não existência de incompatibilidades e de Jaime Ramos e deputados poderem legislar sobre negócios em seu proveito é do mais puro africanismo-zuloismo-corruptismo. A reportagem (parcial e feita para impressionar...) apresentada ontem pela Sic foi, estranhamente, muito mais agressiva com Jardim do que teria sido com sócrates - o que é significativo: parece que sócrates apesar de ter feito o mesmo ou pior, de ter calado-capado alguns jornalistas e de também inaugurar à bruta, tinha - no entender dos media do Continente - os olhos mais bonitos e merecia mais tolerância. Estas misérias têm de ser banidas. Os partidos e os políticos portugueses não sabem quando parar e quando deixar o poder pois estão por interesse e negócio agarrados a ele; a decência morreu. Quando há umas semanas aqui referi que "a Providência teria de se encarregar de Jardim fazendo-o caír com alguma doença" fui acusado de desejar dores e AVC's ao presidente do governo regional: nunca desejei e não desejo tal coisa, apenas considerava/concluía que para certos actores da cena portuguesa parece ser a única saída - fabricada e afunilada por eles próprios, tão carunchosos como o pau regularmente usado para lhes bater.

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Concordo com o artigo. O Sr. Alberto gastou mais do que devia e escondeu as contas o que é reprovavel, nele ou em qualquer outro.Mas para mim esta histeria á volta das contas da Madeira só serve para encobrir todos os outros entalanços onde estamos enfiados ; são as PPPs, fundações, institutos,as obras faraonicas de algumas autarquias, tudo merdas que para nada servem a não ser para os gatunos, que por lá, se encheram de dinheiro. Ainda assim, não me parece que o Sr. Jardim tenha enriquecido com a politica, ao contrario de muitos que por aí passeiam de fatinho Armani e gravatinha cor de rosa que passaram de caixas de banco a presidente duma espelunca qualquer que de nada serve a não ser para nos esvaziar os bolsos...assim não, assim cheira a uma filha-da-putice sem tamanho...ou então engavetem todos os outros que não só esturricaram todo o dinheiro como ainda nada fizeram e ofereçam-lhes um fatinho as riscas. Pelo menos uma coisa é certa: o Funchal é a cidade mais civilizada de Portugal.

Ass: Romão

Anónimo disse...

Eu acho o Alberto João o único político sério desta fornada que se está a reformar. Ele nunca escondeu que sempre procurou os meios para tirar a Madeira do atraso, e conseguiu. Não vale a pena os jornaleiros do costume irem ver que a Madeira não é um paraíso. Isto aqui é muito pior. A Madeira, ao menos, é um sítio ordenado, muito mais limpinho que a coisa continental, e lá há rei e roque! O temporal de 2010 foi ultrapassado rapidamente por isso.

PC