26.9.11

FREQUENTAR OS ANTIGOS


«O problema com os gregos é que quase tudo o que se pode pensar, eles pensaram-no primeiro e muitas vezes melhor. É por isso que quem os frequenta, ou quem "vive" com eles (como a grande professora Maria Helena Rocha Pereira disse um dia), quase que não precisa de sair desses séculos de milagre, para poder pensar os atribulados dias de hoje. »

José Pacheco Pereira, Abrupto

4 comentários:

Anónimo disse...

O estilhaçado, disperso, rico, fértil, lendário, misterioso, enorme arquipélago das Ilhas Gregas - mais ou menos disposto em volta do 'continente' - foi o cenário de todas as Histórias de Heroísmo e de façanhas que fundaram a civilização ocidental e que serviram de candeia às gentes, mais ou menos brutas, que vieram depois de os impérios terem ruído. Ulisses, Aquiles, Herácles, Teseu, Agamenon, Perseu, Ajax, Cádmo - toda uma galeria vasta de valorosos guerreiros cheios de inteligência, princípios, coragem e ideais no peito; e depois também alguns grandes e trágico/mitológicos Reis - Laio, Édipo, Orestes, Tisâmeno. E antes de tudo Cronos, os Titans, os Ciclopes, Zeus... enfim, todos lutando, morrendo, aprendendo e sofrendo ao longo de séculos - não só no plano do Real, como também no plano paralelo do Mitológico. A diferença para as nossas ilhas não podia ser maior. Porquê ter sido dada, 'de bandeja', a autonomia aos dois arquipélagos atlânticos que são parte integrante do todo territorial português? É certo que em 76 era moda; que era "moderno, europeu e democrático"; que com o fim do 'fascismo' se exigia a liberdade; que ir lá por mar era moroso e caro, que ir lá por avião era só para alguns; que só existia telex, rádio do exército, telefone e telégrafo - por vezes inoperantes. Estava justificada alguma autonomia, para suprir a falta de "tempo real" entre o Continente e as Ilhas. Ora nada disto existe hoje. E estou convencido que a autonomia foi apenas uma oportunidade bem apanhada e bem explorada por espertalhões locais para se poder continuar na maroteira do caciquismo e das negociatas (tal como o Poder Local, essa peste) - disfarsadas de democracia ou legitimadas por ela. Etnicamente somos iguais, falamos a mesma língua; temos a mesma quantidade de mouros, de franceses, de flamengos, de escravos, de algarvios e de cães de caça nas nossas ascendências. As mesmas tentações alarves de 'independência' também mostraram o focinho-sujo à luz, cá no Continente - mas a proximidade imediata (a pé ou por estrada) enterrou essas veleidades prontamente no ridículo. O problema mediático-político da Madeira (e vamos a ver senão também dos Açores...) deve-se apenas à existência carnavalesca e artificial de "um governo". Ora para poder arvorar tal título a 'entidade' tem de o merecer, de o ganhar em guerra, de verter sangue, de o justificar - como os Estados, os Heróis e as Nações do Egeu. Mas ambas as 'regiões', ambos os 'governos' têm é mão-em-concha, queixumes e padecem de orfandade financeira; que nobreza...

Ass.: Besta Imunda

Karocha disse...

http://aperscrutadora.blogspot.com/2011/09/os-gregos-recusam-se-economizar.html

o tal leitor disse...

Não sei se foram os guerreiros e os reis que mais importaram na "herança" grega,ou os filósofos,pré-socráticos,Platão,Aristóteles,Epicuro,estoicos,que directamente ou indirectamente através da teologia cristã,formaram a nossa mentalidade.E porque esquecer os fundadores da História,Heródoto,Xenofonte,Tucídides,o das guerras do seu livro? E os escultores e arquitectos? E os dramaturgos? Heidegger dizia que "a Filosofia fala grego",eu arriscaria dizer que o pensamento ocidental fala grego. O conceito do Renan do "Milagre Grego",depois tão discutido,continua a fazer sentido. E considero como dos momentos mais elevados da minha modesta vida, as horas que passei a estudar grego com o Prof.Pe. Raul Machado,em preparação para um curso em que o grego ainda contava. Aliás,para quem queira ir mais longe nestas reflexões,aconselharia vivamente a leitura de um pequeno e delicioso livrinho,suponho que o último que publicou antes de morrer,de Jacqueline de Romilly,"Petites Leçons sur Le Grec Ancien". Não é técnico,esclareço,e é uma introdução excelente a um conhecimento mais aprofundado do génio helénico.

Mário Abrantes disse...

Invariante.