27.7.11

COMPENSAR A FINITUDE


«Siempre me ha dado pena la gente que no lee, y no ya porque sean más incultos, que sin duda lo son; o porque estén más indefensos y sean menos libres, que también, sino, sobre todo, porque viven muchísimo menos. La gran tragedia de los seres humanos es haber venido al mundo llenos de ansias de vivir y estar condenados a una existencia efímera. Las vidas son siempre mucho más pequeñas que nuestros sueños; incluso la vida del hombre o la mujer más grandes es infinitamente más estrecha que sus deseos. La vida nos aprieta en las axilas, como un traje mal hecho. Por eso necesitamos leer, e ir al teatro o al cine. Necessitamos vivirnos a lo ancho en otras existencias, para compensar la finitud. Y no hay vida virtual más poderosa ni más hipnotizante que la que nos ofrece la literatura.»

Rosa Montero, citada por The Cat Scats

4 comentários:

Mário Abrantes disse...

João, há outras tragédias do ser humano não explicitamente relacionadas com a finitude da nossa permanência por cá.

Esta notícia vem hoje no JN: Os mais ricos do país aumentam fortuna 17,8%. As 25 maiores fortunas somam 17,4 mil milhões de euros - 10,1% do PIB nacional.

Eu pergunto: isto é um país ou um antro de piranhas? Que raio de proxenetismo legalizado vigora neste país para termos que levar com notícias destas, numa altura em que os bolsos das pessoas andam a ser espremidos?

Esta gente acha que vai conseguir sustentar esta farsa, cantando e rindo, por muito mais tempo?

o tal leitor disse...

Estas reflexões pareceriam, à primeira vista,triviais ou óbvias. Mas infelizmente estão longe de o ser,pois a primazia do interesse imediato,do funcional,do prático,da sinistra "educação para a empregabilidade",conduz a que estejamos a formar robots e não humanos autênticos,e estejamos muito satisfeitos com isso. O aprofundamento da visão,que este texto tão bem resume,começa a ser um bem escasso,e temo que até venha a ser considerado desprezível. Aguardemos.

Anónimo disse...

Não posso deixar de considerar como M. Abrantes - e com ele muita gente - se parece esquecer que mesmo a 'fortuna' de toda esta gente (os ricos) junta não é suficiente para tapar o ABISMO de DÍVIDA CANALHA que a CP e a Refer juntas têm. E temos de admitir a hipótese de que, por vezes, Amorim ou S. dos Santos paguem à CP serviços de transporte... Os "ricos" chamam-se ricos porque criaram riqueza e postos de trabalho; pagaram impostos, fizeram outros pagar, exportam, criam, fazem andar a Economia. Mesmo com todos os seus defeitos. Por outro lado, a CP e a sua gestão de boys e sindicalistas-marxistas, é apenas o reflexo da incompetência e da ladroagem mais psicopata e criminosa que se instalou neste pobre país desde os tempos do gonçalvismo lunático e do "caminho para o socialismo" mais absurdo. Admito que se possa entender que a CP jamais poderia dar lucro; mas admitir o actual estado de coisas, nem os mais duros leninistas dos planos quinquenais! Dizem que na Dinamarca a 'CP deles', que é do Estado, dá lucro. Não sei se é verdade. Mas o nosso 'facto' permanece: escandaloso. Para lidar com 'isto' - às vezes - já nem ler, ir ao cinema ou procurar 'agarrar a vida' ou outras vidas, prolongando e valorizando avidamente a nossa, chega. Realidades brutais em tempos de penúria.

Ass.: Besta Imunda

Nuno Oliveira disse...

Caro Besta Imunda,

O seu ponto de vista é totalmente compreensível dentro da realidade da economia e da sociedade tal como ela existe. Mas se 40% da riqueza mundial está nas mãos de apenas 1%, será porque os outros 99% não se esforçam? Esta ordem de grandezas tem se acentuado nos últimos anos. O importante será assinalar o que Rosa Montero queria transmitir com as suas afirmações. Ao ler e interessarmo-nos por outras actividades culturais, permitimo-nos a abertura de novos horizontes, ver o mundo por um ângulo diferente com que o envisionámos desde sempre. Obriga-nos a questionar as vacas sagradas da sociedade. Obriga-nos a traçar um rumo, quiçá diferente do que temos no presente.