Tentei enviar hoje um comentário, mas infelizmente perdeu-se. Nele dizia coisas interessantes sobre os 'três tenores'. Vamos lá ver se este entra na respectiva caixa. Carreras tinha uma voz de sonho especialmente até ser atingido pela doença que quase o destruiu. Para mim, embora com voz menos poderosa do que Pavarotti ou Domingo, ainda assim tinha uma tonalidade tão bonita que me fazia quase esquecer o brilhantismo daqueles.
Estes três tenores abraçaram o Bel Canto influenciados pela voz de Mario Lanza que ouviam repetidamente desde muito novos. Nunca se cansaram de o afirmar em entrevistas, durante anos. Nos concertos e até há pouco tempo, nenhum deles se esquecia de lhe prestar o merecido tributo. Lanza tinha uma voz que, além de poderosíssima, possuía um timbre e beleza tais que ainda hoje nos fazem quase chorar de emoção. Possuía aquilo a que os americanos apelidam de 'ring' e que, afirmavam os críticos e colegas do seu tempo e mesmo posteriores, como os tenores citados acima, nenhum outro tenor igualava. Tinha ainda outra qualidade que também encontramos em alguns, poucos, cantores românticos como, só para citar três, os inesquecíveis Frank Sinatra e Nat King Cole e mesmo Charles Aznavour (daí o sucesso mundial extraordinário que estes granjearam) que era uma dicção impecabilíssima e rara em tenores e/ou cantores soit disant populares. As sílabas eram pronunciadas pràticamente uma a uma, sem alterar, antes engrandecendo, as letras das muitas árias e canções que gravou, podendo estas ser acompanhadas pelo ouvinte palavra a palavra, porque eram, são, perfeitamente perceptíveis. Este tipo de vozes, a que o grande Toscanini chegou a afirmar, referindo-se-lhe, aparecer uma em cada século, tem só um qualificativo: grandeza.
Este tenor que chegou a representar duas vezes Madame Butterfly no Teatro-Ópera de New Orleans nos fins dos anos quarenta e embora sendo-lhe solicitado continuar neste teatro não o fez por motivos que agora seriam morosos de descrever. O mesmo aconteceu com pedidos sucessivos para abrir a temporada de Ópera em S. Francisco, igualmente no Scala de Milão e noutras cidades. Justamente quando estava a preparar-se para abrir a temporada de 59/60 neste último teatro, morreu tràgicamente em Outubro desse ano. Tinha 38 anos. Teve 3 funerais por expressa exigência dos seus admiradores, tal a comoção mundial que o seu precoce desaparecimento provocou. Um funeral em Roma, com honras de Chefe de Estado; outro em Filadélfia, sua terra natal; e o terceiro em Los Angeles, sua residência permanente. Todos os três foram acompanhados religiosamente por muitas centenas de milhar de pessoas.
Por mim agradeço-lhe os vídeos que vai passando. Maria
1 comentário:
Tentei enviar hoje um comentário, mas infelizmente perdeu-se. Nele dizia coisas interessantes sobre os 'três tenores'.
Vamos lá ver se este entra na respectiva caixa.
Carreras tinha uma voz de sonho especialmente até ser atingido pela doença que quase o destruiu. Para mim, embora com voz menos poderosa do que Pavarotti ou Domingo, ainda assim tinha uma tonalidade tão bonita que me fazia quase esquecer o brilhantismo daqueles.
Estes três tenores abraçaram o Bel Canto influenciados pela voz de Mario Lanza que ouviam repetidamente desde muito novos. Nunca se cansaram de o afirmar em entrevistas, durante anos. Nos concertos e até há pouco tempo, nenhum deles se esquecia de lhe prestar o merecido tributo.
Lanza tinha uma voz que, além de poderosíssima, possuía um timbre e beleza tais que ainda hoje nos fazem quase chorar de emoção. Possuía aquilo a que os americanos apelidam de 'ring' e que, afirmavam os críticos e colegas do seu tempo e mesmo posteriores, como os tenores citados acima, nenhum outro tenor igualava. Tinha ainda outra qualidade que também encontramos em alguns, poucos, cantores românticos como, só para citar três, os inesquecíveis Frank Sinatra e Nat King Cole e mesmo Charles Aznavour (daí o sucesso mundial extraordinário que estes granjearam) que era uma dicção impecabilíssima e rara em tenores e/ou cantores soit disant populares. As sílabas eram pronunciadas pràticamente uma a uma, sem alterar, antes engrandecendo, as letras das muitas árias e canções que gravou, podendo estas ser acompanhadas pelo ouvinte palavra a palavra, porque eram, são, perfeitamente perceptíveis.
Este tipo de vozes, a que o grande Toscanini chegou a afirmar, referindo-se-lhe, aparecer uma em cada século, tem só um qualificativo: grandeza.
Este tenor que chegou a representar duas vezes Madame Butterfly no Teatro-Ópera de New Orleans nos fins dos anos quarenta e embora sendo-lhe solicitado continuar neste teatro não o fez por motivos que agora seriam morosos de descrever. O mesmo aconteceu com pedidos sucessivos para abrir a temporada de Ópera em S. Francisco, igualmente no Scala de Milão e noutras cidades. Justamente quando estava a preparar-se para abrir a temporada de 59/60 neste último teatro, morreu tràgicamente em Outubro desse ano. Tinha 38 anos. Teve 3 funerais por expressa exigência dos seus admiradores, tal a comoção mundial que o seu precoce desaparecimento provocou. Um funeral em Roma, com honras de Chefe de Estado; outro em Filadélfia, sua terra natal; e o terceiro em Los Angeles, sua residência permanente. Todos os três foram acompanhados religiosamente por muitas centenas de milhar de pessoas.
Por mim agradeço-lhe os vídeos que vai passando.
Maria
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