«Já toda a gente sabia que a preparação dos alunos do básico e do secundário nas disciplinas de Português e Matemática é absolutamente calamitosa. Ao longo dos anos, as advertências e os alertas a esse respeito têm vindo de todos os lados. Com mais ou menos impressionismo ou maior ou menor rigor estatístico, todas as observações, análises e estudos, nacionais ou internacionais, convergem na mesma conclusão. A estupidez dos programas adoptados, a permissividade, a indiferença das famílias, a incompetência dos políticos, são alguns dos vários factores que se vieram acumulando por mal dos pecados deste país, falido em tudo, a começar pelo sistema de ensino. A falta de preparação de muitos docentes também se explica pelo facto de serem produtos desse mesmo sistema. Desde há décadas que as idiotias pedagógicas se articularam a uma concepção do aluno como "bom selvagem" e ancoraram na consagração da lei do menor esforço como regra de conduta escolar e condição de aproveitamento. Muita gente (entre outros, Maria Filomena Mónica, Maria de Fátima Bonifácio, Helena Matos ou Nuno Crato) se tem pronunciado sobre estes aspectos. A língua portuguesa foi assassinada na escola. Parece que, no coração do Ministério da Educação, certas estruturas superiores ou intermédias têm tido mais poder do que o próprio titular da pasta e conseguem impor as suas concepções, a sua vontade programática ou a sua tremenda propensão para a inércia e para a inépcia. No que toca ao português, os alunos desabituaram-se de tirar significados, não sabem consultar capazmente um dicionário, não se habituaram a ler autores significativos e muito menos a gostar deles. Não conseguem interpretar em condições um qualquer texto literário e exprimem-se cada vez com mais problemas e deficiências no tocante à extensão e propriedade do léxico, à articulação sintáctica, ao respeito de regras gramaticais elementares, à correcção da ortografia e até da pronúncia de muitos vocábulos. Tanto quanto sei, na área das matemáticas e da simples aritmética, passam-se coisas que, mutatis mutandis, acabam por ser de sinal muito semelhante.»
Vasco Graça Moura, DN
8 comentários:
Medina Carreira disse ter presenciado uma cachopa trabalhadora num supermercado (...na caixa) que ele descrevia, à maneira de um avô chocado, como "...de umbigo à mostra", a contar o número de latas de cerveja numa grade de plástico: incapaz de multiplicar, apontou a dedo uma-a-uma todas as latas - 'contando' em forma de cantilena como faria uma menino de cinco anos. Certamente que no seu cérebro, mutilado pelo sistema educativo pós 25 de Abril, se formam apenas imagens estéreis, sem significado e não conectáveis por abstracção ao resto do Mundo. Bom trabalho.
Ass.: Besta Imunda
É mais uma conquista do 25!E Direitos!
Deveres ninguém aabe o que são nem querem saber! Melhor:NÃO HÁ DEVERES!Isso é para os outros.Que País Maravilhoso!"Um Jardim à beira mar plantado"(Tomás Ribeiro)!
Nem misterioso , nem inocente - trata-se , simplesmente, do método mais eficaz de dar cabo de um povo ( ou de uma Nação, que vai dar ao mesmo).
Esta canalha é verdadeiramente criminosa, e como tal deveria ser tratada - mas a ancestral abulia doméstica garante-lhe a arrogante impunibilidade...
Há dias passou a notícia de mais uma empresa a fechar. Um jovem trabalhador, na casa dos trinta, de boa aparência e educado, iniciou a descrição da situação mais ou menos assim: "a gente fomos informados hoje que...". Isto é o resultado da escola do sistema, que ainda hoje usa e abusa do "vós ides" na conjugação verbal e insiste na guerra ao "vocês". Já só faltam mais uns 30 anos para este sistema de influência religioso-paroquial se tornar um pouco melhor e outros tantos para começar a dar resultados que se vejam. Inquanto isso a gente bámos nabegándo de bandeira astiada os nosso probulemas no Már de Moodys, como se fujicemos dum mal que ainda não percebemos estar enterrado fundo e vivo dentro de noz.
Então fazem acordos em Portugues tropical, de preguiçososo linguisticos, e agora os meninos não sabem portugues? Sabem falar e escrever à laia de favela...e é mau? Estavam com medo de perder mercado de publicações? Agora é tarde...
Mas isto não é tudo, pois o que dizer daqueles que teimam em acabar com a Língua Portuguesa, substituindo-a pela variante brasileira, à revelia da opinião dos filólogos, linguistas e demais especialistas na matéria, exclusivamente, para tentarem enriquecer à custa da feitura de novos livros com ortografia aberrante? Que interesses obscuros movem a RTP para ser o arauto da imposição desta aberração?
Aconselho vivamente a visualização do seguinte vídeo de Ken Robinson.
http://www.youtube.com/watch?v=mCbdS4hSa0s
A apresentação dele intitula-se Chaging Paradigms.
Um olhar refrescante sobre o sistema educacional que compara a uma fábrica. Começa pela estrutura do sistema, concebido na época do Iluminismo sob a circunstância económica da Revolução Industrial. As tentativas de reformar o sistema de educação baseiam-se em duas razões fundamentais: a económica, perguntando como se pode educar as crianças na economia do séc. XXI, quando a sua imprevisibilidade é notória, e a cultural, neste mundo da globalização, questionando como será possível garantir a identidade cultural da comunidade. Ele fala sobre um estudo recente sobre "divergent thinking" (pensamento divergente) feito ao longo de anos, iniciado em pessoas de idades entre os 3-5 anos. A capacidade de pensar soluções diferentes decresce de 98% até aos 2% em idades superiores a 25. A explicação dele, que será fácil de aceitar, é que as pessoas foram educadas pelo sistema. Outra situação a que ele faz referência, é que, nos EUA, é diagnosticado nas crianças que não conseguem manter a concentração, ADHD - Attention Deficit Disorder - medicando-as com drogas infernais e que criam dependência, como é o caso de Ritalin e afins. Será que o problema não será antes da falta de motivo de interesse pela escola neste mundo de alta tecnologia?
O caminho apontado será, ao contrário do que é feito em todo o mundo, uma transformação do sistema educacional em oposição à sua reforma. Se se partir de um sistema base mau, dificilmente se conseguirá um sistema bom.
Como disse mais acima, é um ponto de vista muito refrescante e muito mais bem justificado do que faço aqui. É interessante, no mínimo, e que não deve ser posto de parte. Será revolucionário, sem dúvida. Teremos vontade de experimentar? Temos tempo? Temos dinheiro?
O meu neto, de seis anos, já é capaz de ler. Quando alguém lhe disse que, assim, o primeiro ano da escola ia custar-lhe menos, ele respondeu:
-Eu não vou para o primeiro ano. Vou para o décimo segundo porque já sei ler".
Estará a par do que se passa no ensino em Portugal?!
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