10.7.11

HARDLY

Para quem não dá demasiada importância ao "meio" - a célebre maioria silenciosa de que falava o outro - o fim de um jornal, mesmo tablóide e inglês, é irrelevante. Quando acabou o "nosso" 24 Horas, e apesar de não consumir o género, não apreciei. Não gosto de ver fechar um jornal. Mas o caso do News of the World é, tipicamente, um case study. Sobretudo depois ter merecido intervenções públicas embaraçadas de dirigentes políticos ao nível de um chefe do governo de Sua Majestade. Procurei, procurei, procurei mas só na prosa do poeta e cronista Manuel António Pina encontrei uma "chave" verosímil para este "soneto" pouco british. «Ao contrário do que pode julgar quem só vê o lado de cá das câmaras de TV e dos jornais, não somos todos, jornais e jornalistas, bons rapazes. Como no Reino Unido, também entre nós a concorrência, a cultura dominante do dinheiro e da competição sem regras, juntamente com a precariedade e vulnerabilidade profissionais em que se exerce hoje o jornalismo, constituem (já o tenho dito outras vezes) um caldo de cultura propício à delinquência deontológica. A condescendência corporativa e a inoperância da auto-regulação fazem o resto. Talvez seja injusto, mas suspeito que, se estalasse entre nós um escândalo como o do NoW, dificilmente faria manchete nos outros jornais.» Hardly, em inglês.

3 comentários:

Anónimo disse...

O "amigo Joaquim" britanico (R.Murdoch) é proprietário do Sun ,Times,Wall Street Journal além de outras "minudencias" (Fox News) e estava a dias de ver aprovada a compra do total do capital da BSkyB.Foi amigo de casa de Blair como agora era de Cameron .
O escandalo apenas rebentou porque houve um Jornal "The Guardian" que durante meses não largou o "osso" .
A editora-chefe do NoW era Rebbecah Brooks a preferida de Murdoch que teve de decidir entre despedi-la ou fechar o Jornal.Escolheu acabar com uma publicação com 168 anos de história, 2.4 milhões de tiragem e por 200 jornalistas na rua .
Como se vê,guardadas as devidas porporções os britanicos não estão melhores que nós.

Lionheart disse...

O caso tem ser mais grave. Para a ex-editora do NOTW e agora administradora da News Corporation decidir fechar o jornal por entender que a sua reputação ficou definitivamente manchada, avisando que vêm aí reveleções muito embaraçosas, é porque eles foram mesmo longe demais. Devem ter feito escutas ao Primeiro-ministro, ou mesmo à Raínha, quando não chantagem com políticos...

Isabel disse...

A "precariedade e vulnerabilidade" acrescentaria: genérica má qualidade da língua portuguesa, escrita e falada. É doloroso ler ou ouvir certos jovens jornalistas, mesmo quando ainda não abrasileiraram a língua pátria.Quem não sabe escrever ou falar dificilmente saberá pensar.Reforme-se o Ensino. Não se deixe de rever os paupérrimos curricula.