22.7.11

DA TRADIÇÃO


Continuo a ler o livrinho de Cintra Torres. Quando fala da RTP dos idos do PREC, é pena não ter feito qualquer referência ao então Major Ramalho Eanes - que lhe presidiu - e que, seguramente, muito teria para contar sobre o que foi aquela «escola de convivência democrática» ao Lumiar. Mas, de lá para cá, muita coisa mudou. A primeira parte do trabalho explica isso, em geral, no mundo. Por exemplo, a televisão e os seus "actores tradicionais" - recrutados aos mais diversos sectores de actividade: da astrologia à pecuária, da política à academia, da comunicação social escrita à bola, etc., etc. - foram "obrigados" a conviver com uma «nova distribuição do poder» que decorre do «reforço da sociedade civil» e de «uma cidadania activa para a obtenção do bem comum geralmente à margem dos poderes estabelecidos» o que provoca, inevitavelmente, uma «alteração do equilíbrio dos poderes». De facto, não poder existir uma "escola" (e, de preferência, de um só catedrático com sebenta única) do pensamento único é uma chatice. E haver independência crítica não "tradicional" também.

Adenda: No plano poético e ensaístico, existe um belo escrito de T. S. Eliot sobre a "tradição e o talento inidvidual", de 1919. Com cautela, pode ler-se para outros registos. «And the poet cannot reach this impersonality without surrendering himself wholly to the work to be done. And he is not likely to know what is to be done unless he lives in what is not merely the present, but the present moment of the past, unless he is conscious, not of what is dead, but of what is already living.»

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