Ao contrário deste optimismo arrepiante, onde apenas a liberdade que o mar confere nos junta, entro em Setembro como o narrador de um conto de Tchekov: «Desde que me embrenhei na turba dos indiferentes, também eu me tornei indiferente; e sinto-me bem assim. O que virá a ser de nós mais tarde, não o sei.»
4 comentários:
Entre o desejar saber e o não querer saber, está a indiferença que está a 'tomar' conta de nós e, isso, não é mau ... é péssimo para as nossas vidas.
Há pouco, visitei Cuba e impressionou-me a alegria e a(quase) felicidade que tem o povo, que pouco mais que nada tem : não tem casa própria, quase não é dono de coisa alguma e tem dificuldades que sobram ; e interrogo-me : - Como pode um povo ser feliz assim ?
Decerto, se não 'perdeu' a alegria e tenta ser feliz, então não 'vive' como os 'indiderentes'.
"Com quase nada e feliz" - será que haverá um capítulo filosófico que explique 'isto' ?
Dogma que não entendemos ou mistério que não nos interessa ?
Não me quero tornar indiferente e, por isso, aqui estou.
E estou aqui para, à minha maneira, tentar ajudar a combater a indiferença que se instalou.
Algo de mau, que não Setembro para Medeiros Ferreira nem coisa nenhuma, também me faz triste e indiferente e indiferentizador de quase tudo. Sinto a sombra da censura por todo o lado, sinto-me lançado à sarjeta, barrado, censurado, represado.
Os meus disparates já alguém os não considera inócuos e só disparates sem mais. Setembro entra a censurar-me de todos os modos. Sinto-me barrado, represado, augusto-santos-silvarizadoramente repunido, punido pelo ASS e seus corregligionários. A liberdade dói muito ao Poder em Portugal.
Liberdade para eu escrever alucinado o que eu quiser sem quaisquer barramentos alienígenas, volta a mim. Os danos da mordaça são danos indeléveis para almas ingénuas e ainda puras como a minha, ó inquisidores os pacóvios jornalistas e políticos que me inquisidorizam inquerem e inquisitam!
Ser este grande e demente egocêntrico que eu sou!
PALAVROSSAVRVS REX
Para o excrente:
Visitei Cuba em Agosto de 1978 num Festival Mundial de Jovens. Borrifei-me no Festival e fui descobrir Havana e tudo o que pudesse ver. Embora fosse muito nova,já tinha concluído os estudos e comecei a trabalhar um mês depois.Recebi 25 propostas de casamento em 2 semanas, de cubanos com estudos superiores que queriam sair e não podiam. Se eu estava a olhar para qualquer coisa paravam ao meu lado e sussurravam o seu pedido, ficando apavorados pela minha exasperação inicial pois levava a mal o que eu me parecia um abuso. Acabei por me habituar, só dizia não com a cabeça e pronto.
Adorei Cuba e se não fosse ter tantos laços a Portugal garanto-lhe que optava por viver lá, mesmo sem espuma de banho que tanta falta me fez nesses dias e que não existia em Cuba nessa altura...
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