10.2.07

PERÍODO DE REFLEXÃO -1


Quando o Esplanar era vivo, o João Pedro George, a dada altura, entrevistou o Luíz Pacheco, o Edmundo Pedro e o Fernando Savater (num comboio), nenhum necessariamente por esta ordem. O E.Pedro lançou há dias as suas memórias. Como é dos poucos homens rijos que sobram, deve valer a pena ler, ao contrário das "quase memórias" da eminência Almeida Santos. Do Pacheco, vão aparecendo umas coisas e o João Pedro, algures em Espanha, deve estar a esta hora a espremer-se para terminar a sua tese que consiste justamente numa biografia do dito Pacheco. Na entrevista de Pacheco, há uma referência ao Marquês de Sade que pode servir de introdução "realista" ao livro História de Juliette ou as prosperidades do vício, da Guerra & Paz. "As pessoas não percebem nada do que é o libertino. O termo ficou, na linguagem vulgar, associado a coisas disparatadas, como sinónimo de devassidão. Ora libertino não é apenas um devasso. Não é apenas aquele tipo que gosta de ir para a cama com homens, com mulheres, com todos ao mesmo tempo... O libertino é um tipo livre, que está contra todas as tiranias. O Sade, por exemplo... aquilo que o Sade conta está quase tudo dentro da imaginação dele... Repara: o gajo esteve quarenta e tal anos prisioneiro em masmorras e hospícios, e à ordem de quatro regimes: a realeza absoluta, a realeza constitucional, a Revolução e o Império, o que mostra bem como o libertino é o maior inimigo de todos os sistemas e como estes o odeiam, o temem. Porque os sistemas são a ordem e o conforto, ao passo que o libertino é a aventura, é o descontrolo. O Sade está aí. O Sade está entre nós. Mais: o Sade está em todos, dentro de nós."

2 comentários:

Anónimo disse...

Pois... O Pacheco até já teve um Sade dentro dele, mas foi-se embora e não lhe deixou o telefone...

Unknown disse...

O Terror aproxima-se. Já se lhe vê a sombra. É preciso soltar o libertino antes que seja tarde...