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10.2.07

PERÍODO DE REFLEXÃO -3


Tout le bonheur des hommes est dans l'imagination.

D. A. F. de Sade


Donatien Alphonse François, mais conhecido por Marquês de Sade, passou a maior parte da sua vida atrás de grades, vítima da inveja do costume, dos inimigos pessoais e de ódios políticos. "Morou" muitos anos na Bastilha, onde, aliás, estava encarcerado no verão de 1789. Dias antes do "prec" invadir a prisão, Sade atirou da janela uns panfletos escritos à mão onde descrevia as degradantes condições prisionais a que estava sujeito. Depois dirigiu-se à multidão recorrendo a uma espécie de megafone artesanal. Após ter sido solto, escolheram-no como "presidente" da sua "junta de freguesia", dando início a uma campanha anti-religiosa que ajudou a radicalizar a Revolução. Todavia, opôs-se ao "Terror". Quando os seus sogros, responsáveis por muitos dos anos que passou na prisão, foram condenados à morte como contra-revolucionários, Sade impediu a sua execução. Este ingénuo "acto de clemência" custou-lhe, de novo, a liberdade. A "jacobinagem" ultra prendeu-o - era, afinal, um perigoso "moderado" - e condenou-o à pena máxima. Esperou um ano pela guilhotina. No entanto, a liberdade chegou com o fim do "Terror" e o tempo seguinte foi passado na mais tremenda pobreza. Quando Napoleão emergiu, Sade não resistiu a escrever uma sátira sobre o pequeno-grande homem. Foi condenado a passar o resto da sua vida num asilo para doentes mentais. Então como agora, respeitinho é que era preciso.

História de Juliette ou as prosperidades do vício, Guerra & Paz, 2007, tradução de Rui Santana Brito .

PERÍODO DE REFLEXÃO -1


Quando o Esplanar era vivo, o João Pedro George, a dada altura, entrevistou o Luíz Pacheco, o Edmundo Pedro e o Fernando Savater (num comboio), nenhum necessariamente por esta ordem. O E.Pedro lançou há dias as suas memórias. Como é dos poucos homens rijos que sobram, deve valer a pena ler, ao contrário das "quase memórias" da eminência Almeida Santos. Do Pacheco, vão aparecendo umas coisas e o João Pedro, algures em Espanha, deve estar a esta hora a espremer-se para terminar a sua tese que consiste justamente numa biografia do dito Pacheco. Na entrevista de Pacheco, há uma referência ao Marquês de Sade que pode servir de introdução "realista" ao livro História de Juliette ou as prosperidades do vício, da Guerra & Paz. "As pessoas não percebem nada do que é o libertino. O termo ficou, na linguagem vulgar, associado a coisas disparatadas, como sinónimo de devassidão. Ora libertino não é apenas um devasso. Não é apenas aquele tipo que gosta de ir para a cama com homens, com mulheres, com todos ao mesmo tempo... O libertino é um tipo livre, que está contra todas as tiranias. O Sade, por exemplo... aquilo que o Sade conta está quase tudo dentro da imaginação dele... Repara: o gajo esteve quarenta e tal anos prisioneiro em masmorras e hospícios, e à ordem de quatro regimes: a realeza absoluta, a realeza constitucional, a Revolução e o Império, o que mostra bem como o libertino é o maior inimigo de todos os sistemas e como estes o odeiam, o temem. Porque os sistemas são a ordem e o conforto, ao passo que o libertino é a aventura, é o descontrolo. O Sade está aí. O Sade está entre nós. Mais: o Sade está em todos, dentro de nós."

PROSPERIDADES


Os meus "camaradas" do blogue do não estão muito preocupados em ser politicamente correctos. Receiam que as polícias do outro lado e as do regime nos acusem de violar a lei. Eu, aliás, e a propósito de violações e demais libertinagens, aproveito o fantástico "período de reflexão" (uma daquelas idiotices típicas de uma sociedade imatura) para ler D.A.F. de Sade a quem tenciono dedicar uma prosa mais logo. Sejamos claros, como diria o Paulo Gorjão que pertence ao clube dos certinhos (ainda ganha o Prémio João Carreira Bom para "cronista do reino"). E o "sejamos claros", até amanhã, escreve-se com três simples letrinhas: NÃO.