Uma das coisas mais desagradáveis da campanha que hoje culmina no voto, foi ver que nem toda a gente que se envolveu nela directamente percebeu de que lado estava. Explico-me. Amanhã, ou o mais tardar depois de amanhã, o país tal como ele é volta às nossas vidas em todo o seu horrível esplendor. Começa, finalmente, o pior ano da legislatura - não me digam que ainda não tinham percebido a evidência- e aquele que poderá salvar ou crucificar o governo e a maioria do espartano Sócrates. Muita gente válida do lado da denúncia e da crítica impiedosas (não conheço outras) ao manto diáfano de fantasia em que o PS e o governo nos pretende envolver com o seu "reformismo" de opereta - devidamente apaparicado pelo prof. Cavaco - esteve com o governo e com o PS nesta campanha. Por exemplo, ao alinhar pelo "sim", essa gente está implicitamente a dizer que acredita no SNS, nas urgências, nos hospitais e no INEM do dr. Campos, que aceita o negócio privado e chorudo do aborto "privado", que acha sublime essa fada do PS que se chama Maria de Belém, que aceita o autoritarismo do chefe e do seu - para já - mais dilecto colaborador nesse autoritarismo "democrático", o dr. Costa (o tal do "não estão em causa considerações éticas"), etc., etc. Se o "sim" ganhar logo à noite, convém a esses colaboracionistas perceberem que, acima de tudo, ajudaram a uma vitória deste PS e deste governo. Ou será que, na sua inquietante ingenuidade, imaginam que são as mulheres, humilhadas e ofendidas, que preocupam o senhor engenheiro e respectiva tropa de choque? Que foi por causa delas, coitadinhas, que Sócrates veio a correr da China, declamou piedosa retórica em jantares e conferências, e mandou avançar com o espantalho do "fica tudo na mesma se não me derem o votinho"? Aconteça o que acontecer, a "direita" sai duplamente humilhada desta cena. Primeiro, pelas parvoíces que alguns dos seus prosélitos disseram e escreveram a propósito do aborto. Em segundo lugar, pelos silêncios comprometidos e pelos alinhamentos com espertalhões da política "dura" com quem andaram a dançar o vira em nome de uma "causa" que não lhes pertencia. Ninguém, da "esquerda" ou da "direita", lhes agradecerá o disparate e, muito menos, o frete.
6 comentários:
Bom dia,
Salazarinhos ?? Colaboracionistas ???
Estaremos em plena 2ª guerra mundial?
E quem são os estalinistas ?
Eles falam e não dizem nada
Cumprimentos
Mas o povinho - que alguém maldito disse, em tempos, não estar preparado para a democracia - não consegue ver mais longe do que a mediocridade do seu dia-a-dia básico, embrutecido, metodicamente estupidificado.
O que dá um jeitão.
António P. faça-me um grande favor. Vá deixar comentários na secção do seu partido ou nos blogues que tão distintamente o defendem. Aqui não, por favor.E pode -me chamar de anti-democrata que me entra a cem e sai a duzentos, OK?
Caro João Gonçalves, este post faz jus, no pior sentido, ao nome do seu blogue. A reclamação da fidelidade partidária e ideológica independentemente da questão que está em causa. E chamar os seus partdários, que se empenharam no lado do Sim, "colaboracionistas", é uma ofensa que bem justifica lembrar o estalinismo, pois não é mais do que chamar atenção ao plano de ideias que o próprio João introduziu com as conotações daquele termo.
E condiz com a sua visão politicamente pequena, que atribui ao comentador António P. uma filiação partidária ou ideológica que este não tem. Por acaso conheço os seus comentários desde há muito, que de partidariamente comprometido não têm nada.
Herr Lutz, escusa de ler o que não escrevi. Esteja atento e, se o sim ganhar como Herr Lutz deseja, preste bem atenção a quem virá colher os louros. A máquina de propaganda não é tão ingénua como Herr Lutz. Nunca ouviu falar de idiotas úteis?
Caro João Gonçalves,
Se me informar onde é a secção do meu partido assim farei.
Até lá , como visitante regular do seu blog ,e enquanto tiver a caixa de comentários activa irei deixando comentários.
Nunco o chamaria de anti-democrata..mas enfia o carapuço quem quiser.
Cumprimentos
P.S. : já agora uma ajuda para me informar da secção do partido, vivo em Lisboa na Freguesia de S. Francisco de Xavier
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