Desta vez, pela "bloquista" e jovem mandatária, Joana Amaral Dias. Generosa, JAD imagina um Soares "interactivo", que "não é um vivo embalsamado", onde o seu "raio de acção e de entendimento" (sic), não é curto" como o de Cavaco. Depois, Cavaco está "sempre calado" - uma maçada - e Soares quer "esclarecimentos" e "confronto", dada a sua eminente condição "interactiva". Eu compreendo esta visão artificialmente "desassossegada" de JAD. Soares, o "porreiraço" esclarecido, rejuvenescido intelectualmente pelo que "aprendeu" em Porto Alegre e nas manifestações anti-americanas, é homem para qualquer estação. Resta saber se é o homem que convém à "estação" que se segue em Portugal. Soares, o pragmático moderado de 1985, deu lugar ao socialista utópico de 2005 que persiste em ver a sociedade portuguesa dividida entre a "esquerda" e a "direita", sendo ele o representante soberano da primeira. Elas existem, a "esquerda" e a "direita", é certo, mas não é por aí que a escolha presidencial vai ser feita. Este debate ideológico, sem qualquer tipo de credibilidade - em que as picardias populistas têm um papel fundamental, como se viu na entrevista de Soares, e se verá nas dos restantes candidatos "anti-cavaquistas" - interessa pouco aos portugueses. Soares até pode ser "interactivo" e remexido. Mas não é seguramente "deste" Soares, a verdadeira sombra de um outro, irrepetível, que o país precisa. E JAD é contraditória - ou talvez não - na sua fulgurante imaginação. Cavaco não pode ser eleito porque seria um "presidente-sombra", enquanto Soares seria um "presidente interactivo". A pensar em quem? No país ou em Sócrates? Se um é sombra, não mexe. Se o outro é interactivo, mexe demais. Preso por ter cão, preso por não ter. A famosa "tentação presidencialista", afinal, não tem exclusivos. Pela boca, na verdade, morre a "esquerda" como o peixe.
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