4.11.05

ALEGRE

Manuel Alegre também já leu o seu manifesto. Ignoro, ainda, se é uma candidatura para levar a sério. Soares fará os possíveis por o diminuir, logo ele, que ouviu da boca de Alegre um dos mais belos discursos proferidos no seu primeiro comício da candidatura de 1986, no Pavilhão dos Desportos. Aí Alegre afirmou que Soares era "o candidato da memória contra o esquecimento". Hoje, Alegre apresenta-se como um "socialista independente", provavelmente em nome daquilo que ele entende ser um dever de cidadania por causa da mesma "memória" que não sente representada por Soares. Eu não acredito em milagres. Alegre, malgré lui, não tem a densidade política de Soares e isso, com o tempo, ser-lhe-á eventualmente fatal. Não sei se todos os sobressaltos "cidadãos" que o animam, serão suficientes para o colocar para lá de Soares. Tenho dúvidas. E estou à vontade para o dizer, já que nenhum deles é o candidato que apoio. Alegre tem, porém, a seu crédito, à semelhança de Cavaco, protagonizar uma candidatura "não negativa" e a consideração democrática por todos os restantes candidatos. Num lance meramente lúdico, acharia engraçado ver Alegre "passar à frente" de Soares. Em sede de puro debate político - o que mais me interessa -, preferiria, de longe, o ex-presidente. A ver vamos, como diria o cego.

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