O dr. Jorge Sampaio quis dar o seu contributo para a gramática dos incidentes em França. Com aquele extraordinário sentido de oportunidade em que procura elevar-se da sua habitual irrelevância, sugeriu que "temos que defender aquilo que é a capacidade de integração, de conviver com o outro, de termos as minorias que se possam exprimir da forma que queiram". "Isso faz parte do nosso país, da nossa cultura", acrescentou. Nada de mais errado. Sampaio, formado nos compêndios da "rive gauche", não podia deixar de lado o jargão "integracionista" do "multiculturalismo" que, como se vê, tem dado excelentes resultados. Querer à força "integrar" o que não é "integrável" ou, mais simplesmente, não se deixa "integrar" porque não quer, é meio caminho andado para o desastre. O mesmo se diga da eterna miragem do "diálogo de culturas". Se há coisa que "dialoga" pouco entre si é a "cultura", como bem explicou o José Pacheco Pereira num texto dos finais dos anos noventa, chamado "A solidão das culturas". E o que "faz parte do nosso país, da nossa cultura", ao contrário do que diz Sampaio, é a pura ausência de um sentido cosmopolita da existência e a uma secular ignorância do "outro". Vá lá a França falar de "integração" e vai ver o que lhe acontece.
1 comentário:
Penso que, em vários aspectos, está a reconhecer algumas das minorias que existem.
Como se manifestam os:
. corruptos?
. que fogem ao fisco?
. bananas, mesmo que transvestido de PR?
. desertores e traidores à PÁTRIA?
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