12.10.05

PRIMEIROS E SEGUNDOS

O Diário de Notícias "conta" alegadamente a "história" da reunião de Sócrates com as "federações" do PS destinada ao "balanço" das autárquicas e ao "lançamento" definitivo de Mário Soares às ditas "federações" e das ditas "federações" a Mário Soares. Pelo caminho, parece, houve uns murmúrios sobre o governo e o voto "de castigo" - nos quais Joaquim Raposo, um "modelo" político altamente recomendável, teve destaque - e um "esclarecimento" acerca de Manuel Alegre. De acordo com Sócrates, a primeira e única escolha teria sido sempre Guterres, mas como este não quis, e tendo-lhe "chegado aos ouvidos" que Soares estava "disponível", "decidiu-se" por este. Alegre foi por ele "avisado" que ia apoiar Soares, pedindo-lhe que fizesse o mesmo. Alegre ter-se-á calado e, uns dias depois, foi dizer ao Público que estava, ele sim, "disponível", o que terá "obrigado" Sócrates a oficiar publicamente por Soares. Este episódio de "primeiros e segundos" merece uns breves comentários. Alegre tem, no "terreno", uma candidatura aparentemente irreversível. Esta "história" apenas visa "obrigar" Alegre a vir a terreiro discutir questões "de carácter" para esconder a pobreza franciscana da "política" presidencial do PS. Depois, toda a gente sabe que foi Soares quem se impôs a Sócrates e ao PS por achar, com alguma razão, que o partido não sabia o que fazer com Belém. Limitou-se a ocupar, mesmo que sem o rasgo de outros tempos, um vazio. Na sua cabeça, Alegre também fazia parte desse vazio, razão pela qual o considera desprezível. Finalmente, e para efeitos meramente domésticos, Sócrates quis "segurar" o aparelho para servir Soares, tentando que ninguém se distraia com Alegre. Com o devido respeito, não me parece que estes jogos florais partidários interessem ao país. Quem é que, no meio desta balbúrdia, pode sinceramente achar que alguma destas candidaturas presidenciais é a "útil" e a "necessária" ? Quem?

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