12.10.05

O CANDIDATO JERÓNIMO

Jerónimo de Sousa fez um "balanço" dos resultados autárquicos e lançou-se na sua candidatura. Tem razões para estar satisfeito. Ao contrário do profeta Louçã, capitalizou razoavelmente o "desconcerto" face ao governo e confirmou o PC como uma entidade com alguma audiência local. Depois - e isto foi a parte mais interessante da mensagem - avisou o PS que tenciona explorar o filão do "descontentamento" nas eleições presidenciais, "filão" esse que, bem espremido, pode inviabilizar a "derrota" da "direita" cuja "história" ele recordará. O que é que Jerónimo quis dizer com isto tudo? Três coisas simples. Em primeiro lugar, que, ao contrário do que aconteceu há dez anos com Sampaio, o PC tem uma "agenda" própria para as presidenciais, apesar de Soares, e que se destina fundamentalmente a combater o PS e o governo. Em segundo lugar, que não acredita na vitória de Soares em nenhum "cenário", preferindo "fixar" o seu eleitorado - para o "dia seguinte" - na provavelmente única "volta" das eleições. E, por fim, que não deixará de cumprir o seu papel "contra" Cavaco, sem hostilizar excessivamente alguma opinião pública de "esquerda" que, sem hesitações, vai votar naquele sem precisar de lhe tapar o rosto. Jerónimo e o PC já foram demasiado longe no confronto com o PS e o governo para recuarem ou para pedirem ao "seu povo" para recuar em nome de uma incerta batalha. Jogam, desta vez, pelo seguro.

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