29.9.03

TEMPORADAS

Esta semana começam algumas temporadas "musicais". Leio nos jornais e no crítico musical. Aliás, neste até leio mais qualquer coisa:

Temporada Gulbenkian a começar 4 de Outubro, Festival de Mafra a abrir as portas.
Apenas a Temporada do S. Carlos a faltar, mas atendendo ao que se lá tem passado talvez seja melhor fechar as portas e passarmos todos a ir a Espanha, sempre se poupam uns dois milhões de contos ao erário público, o que para não se fazer nada é realmente muito dinheiro... creio que é uma solução ao gosto liberal. Voltarei ao tema do S. Carlos, o Portugal dos pequeninos não perde pela demora, terá em breve, aqui um comentário que, em tão boa hora solicitou.


Enquanto aguardo o prometido comentário, faço eu uns quantos:

1. Como sócio de "Os Amigos do SãoCarlos", recebi um folheto a explicar a mini-temporada que se inicia quarta-feira no S. Luiz. Esta mini-temporada é um bom pretexto para escutar a excelente Orquestra Sinfónica Portuguesa, um dos corpos artísticos do Teatro, tanta vez desaproveitada e mal coordenada, ao lado do Coro, sobre o qual deixo ao crí­tico quaisquer apreciações mais "técnicas", sobretudo acerca da sua discutida e discutível direcção musical. No primeiro concerto, canta a soprano Elisabete Matos, a quem já dediquei umas prosas (ver aqui os posts O Anel da Cultura II e III, e aqui , o post Cantar Cá Dentro).

2. No referido folheto de "Os Amigos de São Carlos" há um lapso que importa corrigir. A temporada lírica não se inicia em Janeiro de 2004 por haver obras no palco do Teatro. O mais perto do palco que estará qualquer coisa, é apenas do fosso da orquestra, cujo soalho deverá ser levantado, limpo e convenientemente desinfectado. Nada mais. Essa ideia de ligar o fecho do Teatro, até Janeiro, a obras no palco, é puramente mitómana, e pode induzir os incautos a pensar que se está a proceder a uma grande remodelação, como se nos tempos que correm se pudesse fazer o que quer que fosse de vulto. Sei isto porque fui eu, à altura no Conselho Directivo, com a Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, quem planeou, com o dinheiro que havia, estas intervenções.

3. O dia 1 de Outubro, data do início da tal mini-temporada, é o Dia Mundial da Música. Ignoro se a entrada é livre, mas suspeito que não, a não ser para a longa lista dos convidados da direcção do Teatro e da nomenklatura. Eu, pelo sim, pelo não, comprei bilhetes no S. Luiz (sim, vendem-se alguns bilhetes...) uma vez que, por causa da minha carta de demissão, o Sr. director considerou que o tinha "traído" (sic) e que, como tal, mesmo tendo sido membro do conselho directivo, não tinha direito a ser convidado. Para um director que, em dois anos e meio de mandato, já viu passar cinco vogais na sua direcção, trata-se de uma estranha inversão de conceitos. Como há mais de 20 anos que vou ao TNSC, sem nunca ter sonhado em fazer parte da sua direcção, comprando quase sempre o meu honrado bilhete, é para o lado que durmo melhor. Aliás, dada a muito significativa e especial apetência que, pelo menos, dois dos membros do actual conselho directivo têm pela chamadas "relações públicas", temo pelo esvaziamento, a prazo curtí­ssimo, do magnífico desempenho, em prol dos interesses do Teatro, da efectiva titular das "relações públicas", ainda recentemente agraciada, por causa desse mesmo desempenho, por Jorge Sampaio.

4. O site do São Carlos, para além de ter custado o que custou e de valer o que vale, tem a informação "parada" no final da temporada 2002-2003. O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita...

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