28.9.03

UMA FOTO

Neste blogue discutem-se de vez em quando, e quase sempre criticamente, as posições do Dr. Portas. Nada de pessoal. Fomos colegas na universidade, em jornais e, há cinco anos, não me desagradou a ideia da "AD" de Marcelo. Portas estragou tudo em 45 minutos, numa entrevista assassina a Margarida Marante. Também já aqui escrevi que sou adepto de um PSD maioritário, sem acólitos. Como julgo que será útil ao PS pensar da mesma maneira, para o futuro. A perspectiva de 2010, com este PP às cavalitas, é assaz desagradável. Como escrevi anteontem, o congresso do CDS foi uma espécie de celebração eucarística destinada a ungir e a quase beatificar o líder. Têm razão. Se estão no poder, a ele o devem. Em suma, Portas é o que ele é, na melhor tradição shakespeariana. Dito isto, julgo, porém, que não merecia a maldade da foto da página 2 da edição impressa de hoje do Público. Nela vemos um líder hirto, tenso, olhar determinado, com as massas por detrás, meio desfocadas... e com o braço direito estendido, naquela conhecida maneira dos anos 30. Portas estava seguramente a pedir aos congressistas para não aplaudirem, mas a maldade ficou feita. E, a meu ver, não tem graça nenhuma. A foto não sabe "dizer" aquilo que dá a "ver". Ou então quer "dizer" mais do que o que dá a "ver", o que é bem pior. Há fotógrafos que deviam ler "A Câmara Clara", de Roland Barthes.

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