26.9.03

BREVES

1. Ser e estar. Ontem à noite o lí­der do CDS/PP esteve na RTP. Neste fim de semana, junta o seu pequeno exército em congresso. É mais uma missa de acção pela sua graça do que propriamente um congresso. Para além da insistência obscena em ligar o desemprego com a questão da imigração, Portas é agora uma sombra do interessante "anarquista de direita" que foi. O brilho oratório foi substituído pelo calculismo sentimental e pela dissimulação retórica baça. E aquele ar inseguramente composto não cola definitivamente ao personagem. Estava ali toda a diferença entre o ministro de estado que "está" e o estadista que nunca chegará a "ser".

2. Ser e estar II. Trata-se de outro preocupante equívoco. Ninguém, ou muito pouca gente, presta atenção ao que diz o Dr. Ferro. É grave para um pretendente sério a São Bento. O aparelho jura-lhe fidelidade quotidiana e, na sombra, com Sócrates e outros, prepara-lhe o tapete. Ele também não ajuda. Falta-lhe em rasgo e audácia o que lhe sobra em teimosia e em seriedade. As "circunstâncias ocorrentes" não lhe foram propícias. "Está" secretário-geral, mas, malgré lui, não "é" uma alternativa.

3. Um direito e o Direito. Os quatro acordãos do Tribunal Constitucional acerca de recursos no processo Casa Pia devolveram alguma tranquilidade ao chamado "sentimento jurí­dico colectivo". Obrigam o juiz de 1ª instância a trabalhar com outra cautela, estando em causa a situação de arguidos presos. E garantem o elementar direito ao recurso e a apreciação superior das decisões jurisdicionais nos termos constitucionais. É quanto basta para se falar em Estado de direito.

4. Um helicóptero. O objecto devia ajudar a combater incêndios, na zona de Lamego, mas acolitava turistas. A irresponsabilidade inconsequente e leviana não tem limites neste País. A falta de vergonha também não. Desta vez o ministro não perdeu tempo e pôs os meliantes com dono. Quantas mais tontarias deste género haverá por este Portugal de pequeninos?

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