3.11.11

INTEGRIDADE E RESPONSABILIDADE

«A prolongada negação da crise e das suas consequências, em 2008, e a total desvalorização do endividamento do País e dos seus efeitos, em 2009 e 2010, fizeram o País perder tempo precioso. Foram erros nacionais, que a crise internacional não explica. E os portugueses não esquecerão tão cedo estas opções - nem o líder que as tomou, nem o Partido em nome do qual governava. Não há como contornar ou relativizar esta questão. Ela exige um sério exame de consciência e uma tão humilde como clara assunção de responsabilidades perante o País. Como já dizia Montaigne, a integridade é a capacidade de se assumir a responsabilidade pelos actos. E a responsabilidade, por sua vez, é o vínculo que liga a nossa palavra e os nossos actos, bem como as nossas opções e as suas consequências. Sem responsabilidade não há integridade e, sem esta, a credibilidade esfuma-se. Sabe-se bem que não há futuro para quem foge do seu passado. E que o ressentimento tanto bloqueia a lucidez como distorce a ética. Mais do que apontar o dedo a quem quer que seja, para dentro ou para fora (deixemos isso para a História), o que é hoje vital para o PS é um gesto de desassombrada integridade política e ética, que abra caminho a uma (certamente longa e difícil) reconquista da credibilidade perdida. Sem este gesto, o PS continuará indefinidamente na posição em que o deixaram: encurralado. Para começar um "novo ciclo", é preciso fechar o anterior. O que os portugueses exigem, mais do que o milagroso aparecimento de um "novo PS", é simplesmente isto: um PS responsável. E a votação do Orçamento é (pense-se o que se pensar deste Orçamento) o momento ideal para fazer esse gesto, que só pode ser o da abstenção.»
M. M. Carrilho, DN

2 comentários:

Anónimo disse...

Carrilho ainda ontem classificava Papandreu de "génio" e elogiava a sua capacidade de "jogador" (de poker!...) e o seu arrojo; vamos a ver em que dá todo esse opulento cabedal de estratégia democrática e de 'estadismo' - veremos mesmo se chega ao fim da semana no cargo. Agora fala nessa coisa longínqua, a "História" (para a qual convém deixar prudentemente o apuramento de 'responsabilidades'...) e assim ilibar por completo o PS - o seu PS - de todas as animalidades perpetradas até ao ainda recentíssimo dia 5 de Junho... E depois prossegue falando do pobre-PS, coitado, que foi "deixado encurralado". Para os contribuintes, que pagam e pagarão as alucinações criminais do PS-às-órdens-de-sócrates, nem uma palavra. Pinto-de-sousa, no entretanto, vai telefonando de Paris, Alegre rosna mas depois desdiz-se, Assis passeia-se diante das objectivas das têvês, Joãozinho diz coisas aos microfones; e Seguro vacila - desnorteado e sem autoridade para mudar o partido ou extraír os furúnculos que lhe deixaram em herança. Mas afinal quem encurralou o PS?

Ass.: Besta Imunda

Anónimo disse...

Depois de endividar o país até ao valor do PIB em apenas 6 anos, o PS acaba de descobrir um desviozinho de 1000 milhões de Euros e já está cheio de projectos. Sinal de que não fazem a mínima ideia, depois deste tempo todo, da enormidade da aberração [criminosa e dolosa] que criaram, uns com as mãos, outros com o silêncio e, outros ainda, com as rolhas. Ainda hoje passou o triste espectáculo do senhor das Canas a utilizar a televisão para veicular a ideia de que no PS só há dois caminhos: chumbo ou abstenção do orçamento. A aprovação é apenas uma hipótese teórica para quem tem tiver a liberdade de, como representante do povo português na "casa das democracias", ainda se arrogar em pensar diferente, ousando. Realmenta, há um PS novo: aquele que faz de conta que dessocratizou.