As direcções partidárias mudam e tornam a mudar. Os governos mudam e tornam a mudar. Mas os mandarins sindicais Carvalho da Silva e Proença ficam. Ficam e teorizam abundantemente. E as televisões dão-lhes corda um dia inteiro. Ouvimos as criaturas exibir o seu extraordinário dom da ubiquidade juntas e separadas, separadas e juntas. Finalmente acabaram por ter o "enquadramento intelectual" da vetusta Quadratura do Círculo, o programa de comentarismo político mais chato do mundo. Estão, aliás, adequados uns para os outros. Ruben Andresen Leitão, porventura um dos escritores portugueses do século XX que melhor nos conheceu e ilustrou, escreve no seu D. Pedro V que «em Portugal a teoria abafa qualquer tentativa prática e todo o nosso condicionamento político, educacional, etc. não nos dá a possibilidade de acção de que carecemos; teorizar de mais é o nosso grande defeito e é aquilo que sempre nos perdeu.» Mas vale a pena tentar explicar isto a um doutorado do ISCTE como da Silva ou a um soba socialista como Proença? Não vale.
6 comentários:
Cultura, e mais cultura, e mais cultura, e ainda mais cultura! Caramba!
Somados os anos como secretários gerais, coordenadores ou o raio-que-os-parta, já devem exceder a "longa noite".
Carvalho da Silva é um inconsequente líder do braço armado da esquerda antiga e joão proença uma metamorfose sindical falhada da esquerda moderna. Ontem, o dia não lhes correu bem. Percebeu-se isso quando passaram a "jornada de luta" a inventar desculpas patéticas para justificar o facto da maior parte das pessoas estar a fazer aquilo que é paga para fazer: trabalhar.
E o mais ridículo é a segurança absoluta com que eles falam sobre tudo, principalmente sobre economia e finanças. Acho mesmo que o Carvalho da Silva, doutorado que é, devia ensinar essas disciplinas cada vez menos exactas numa qualquer universidade ou então ir para ministro de qualquer coisa. Ele sabe tudo de tudo. É mesmo um licenciado "Nada lhe escapa", como aquela personagem do Frei Lucas de Santa Catarina.
Ainda não esqueci a frase fugidia do próprio Carvalho da Silva, há uns tempos, em que referia "ainda ser quadro de uma empresa de equipamentos eléctricos"; 'doutorado' em qualquer coisa e chegado finalmente ao termo do seu reinado, ontem deixou pesarosamente escapar que "era trabalhador por conta de outrem"; o guião será o seguinte: CdS fingirá que trabalha mais 5 ou 6 anos, reformar-se-á e terá depois uma atarefada agenda (paga...) de acções de formação e conferências para ambiciosos jovens candidatos a sindicalistas. Quanto a Pacheco, é ele próprio tão teórico, tão teórico, tão teórico que ainda bem que jamais saiu das bancadas do seu partido na AR, e que eu me lembre nunca tenha exercido nenhum cargo governativo: não se aguentaria mais do que uma semana a ter de tomar decisões e a cumprir tarefas. Arredondemo-nos pois na facilidade do leccionar da História do Movimento operário. Quem esteve manifestamente apagado foi Seguro - que neste processo todo de abstenções violentas e não-apoios-suaves à greve geral foi completamente ultrapassado e ridicularizado por Soares. Louçã carregou nos RRR's tentando de madrugada impedir 5 carros do lixo de saír ao trabalho (Glória!...); e o Velho Jerónimo emitiu breves declarações sobre os eventos do dia de forma pré-gravada e difundida molemente pelas têvês.
Ass.: Besta Imunda
Ora, o meu caro ainda não viu o problema de parte deste post.
O post recai sobre Vítor Gaspar. Quem surge como um teórico, ou seja, como um teórico experimentalista, é esse senhor. E perigoso. Não saber antever (porque teoricamente isso não está prescrito) o impacto macroeconómico da sua austeridade, é o quê, caro João Gonçalves? Teoria, e perigosa.
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