1.9.11

O ADMIRÁVEL MUNDO DA UNIVERSIDADE PORTUGUESA

Concordo com Pedro Lomba, no Público. «As universidades, em quem ninguém acredita, poderiam ser bem mais úteis a Portugal.» Mas, primeiro, teríamos de responder a esta singela questão. Por que é que ninguém acredita nas universidades domésticas?

5 comentários:

Marta disse...

Eeer... porque são mesquinhas, fechadas sobre si próprias, apenas preocupadas com números, estatísticas e orçamentos, em ficar bem na fotografia, agarradas ao passado e centradas em coisa nenhuma...

Academicamente pouco estimulantes, com os assistentes a tentar agradar a catedraticos pela frente, enquanto dizem mal pelas costas e catedraticos com medo que haja gente nova mais inteligente que lhes tire o lugar...

E porque são um tédio, uma mera continuação do secundário, um "liceu mais dificil", sem uma proposta pedagógica que ajude os alunos no seu crescimento. Há excepções, sem dúvida. Mas vendo bem, não tenho saudades nenhumas da Universidade.

Alves Pimenta disse...

Olha que não, meu caro, olhe que não... Repare, por exemplo, na injustamente encerrada Independente, cujo prestígio não pára de crescer, graças ao seu mais ilustre "licenciado dominical" de sempre, cujas viagens politico-diplomáticas a Madrid e a Berlim estão a causar o maior frenesim na Europa. Nem se fala de outra coisa nos corredores das chancelarias...
O dito cujo, ora "filósofo" (para não desfazer do homónimo grego...), é um verdadeiro ás: o ministro Portas, dos Negócios Estrangeiros, que não se ponha a pau e verá...

floribundus disse...

dei aulas em 1968 com o compromisso escrito de ascender a uma cátedra de química orgânica.
não havia livro de texto. a sebenta estava desactualizada. fiquei com meio-mundo às costas quando disse numa reunião que iria dispor de pelo menos 5 anos para organizar um programa e livro. recusei assinar a anti-comunista. nunca me arrependi.
a um grupo de alunos disse o ministro por essa altura 'não peçam reforma do ensino, solicitem-me a reforma dos profs'
passados 40 anos o ambiente é muito pior.
o rectângulo necessita urgentemente de um POMBAL

Anónimo disse...

Eu sou apenas administrativa, mas lembro-me bem quando trabalhei numa universidade há mais de uma década.
Menciono apenas 2 exemplos:
Sobre a ligação Universidade/empresa quando algum incauto empresário tentava contactar, era muito difícil conseguir um Professor disposto a atendê-lo.
Sobre um projecto de uma nova licenciatura (plano de estudos), ouvi esta afirmação “temos que adaptar o curso ao corpo docente existente”, pensei para mim o que interessa o que a sociedade necessita, a utilidade do curso … pormenores.

Cáustico disse...

Há necessidade de muitas reformas no ensino. As universidades portugtuesas também delas carecem.
Mas para mim o fulcro da questão está nos professores. Tive bons professores na Escola Comercial, no Instituto Comercial e na Universidade. Mas a maioria não merecia o dinheiro que ganhava. Frequentei estabelecimentos de ensino onde não havia programas ou, se os havia, eram absolutamente absurdos. Um Curso de Contabilista onde havia uma cadeira de química - gostaria que o Ministro da Educação da altura me dissesse para que é que um contabilista precisa de saber químia - e mais, pasme-se, as cadeiras de caligrafia, estenografia e dactilografia.
E os bons professores, que os tive, simplesmente porque eram bons, porque sabiam e porque tinham excelente método de ensino compensavam e bem os erros que vinham de cima.
Foi-me dito por colegas, que muitos jovens desistiram do curso de engenharia, porque no IST havia um professor, homem muito inteligente, sabedor, mas que tinha por hábito falar nas aulas de assuntos que não constavam dos documentos de apoio e que nas frequências e nos exames fazia perguntas sobre matéria que não estava nos documentos de apoio e de que não tinha falado nas aulas.
Pessoas destas não devem estar no ensino. Ainda que sejam sábias.
Também conheço, por familiar meu que foi seu aluno, o comportamento de professor de matemática que o Professor Salazar correu do ensino por ser comuna. Como professor falava de cátedra, como é costume da maioria deles. Quando foi corrido teve de se dedicar às explicações. O meu familiar, que também recebeu explicações dele, dizia-me: quando explica a matéria entra-nos logo pelos olhos dentro, o que não acontece quando é professor.
Os programas de ensino devem ser revistos talvez a começar já no infantário até ao ensino superior.
Mas nem todo o bicho careta pode ser professor. Primeiro precisa saber, depois tem de saber ensinar, ter método de ensino.