Os resultados dos exames do 12º ano, sobretudo em língua portuguesa, são decepcionantes. Não saber o que é e para que serve um complemento directo, por exemplo, suscita as maiores reservas sobre a literacia das futuras gerações (que são já as actuais). Todavia, devia reconfortar esses "estudantes" pensarem que, nos idos de 70 e tal, aquando dos exames ad hoc às universidades, alguém que acabou no pequeno estrelato da redonda literatice nacional, chumbou precisamente na prova de português e, consequentemente, ficou à porta da Faculdade de Letras de Lisboa. Mas tal nunca o impediu de andar por aí a distribuir a sua "graça" literata. Tenham, pois, fé.
7 comentários:
Aliás, nada como ver (ontem) no Jornal da Noite da RTP1 a palavra "loGista" a indicar a profissão de dono de loja, para redobrarmos a dita fé...
LOL. Mas melhor que a teoria da conspiração do comentário das 10:51(muito boa), só aquelas à volta da Moody's.
Merkwürdig
Tenhamos fé!!!
Não me parece que o problema resida nos jovens. Eles não sofreram qualquer mutação genética que os tornasse mais burros do que nós. Atenção aos curricula, cuja monstruosidade assustaria qualquer pessoa de bem, caso se despisse dos preconceitos que o "eduquês" instalou. Vão ver a purga que os clássicos sofreram. Vejam bem que o primeiro contacto com autores consagrados e obras relevantes se dá no nono ano de escolaridade. Depois não se espantem se o vocabulário é paupérrimo. Quanto à gramática, foram introduzidas, via TLEBS, imbecilidades tão gradas que o essencial se perde, como se perde a noção de que certas disciplinas(português!!!) são culturalmente mais importantes do que outras. E, já agora, veja-se a ideia que o ME tem do que é uma análise de poema da fase abúlica de Campos.
Já que falam na RTP,fiquem-se com esta na TVI:durante não sei quanto tempo,esteve bem escarrapachado naqueles comentários que vão acompanhando o telejornal a palavra:
SUPTUARIAS!
E ali se manteve minutos sem fim,com o circunspecto e intelectual Carvalho e a dondoca Judite a mostrar-nos a sua sapiência!
Isto vai ser assim: Existe MAtematica A e MAtematica B. Temos Fisica A e Fisica B, tal como Quimica A e Quimica B. Vamos decerto ter POrtugues A e POrtugues B. O primeiro portugues da Lusitania o segundo, portugues tropical. No primeiro chumbam mas passam no segundo...
Não me conformo: Álvaro de Campos, o heterónimo que quis "sentir tudo de todas as maneiras", reduzido a "sensações visuais e auditivas". Como se do Caeiro se tratasse... A própria questão é, já de si, redutora. Lendo bem o poema, nem se entende claramente se os sons e as imagens são reais ou sonhadas. Este desabafo é dirigido aos nossos "sábios habituais" que, depois de infantilizarem gerações de portugueses, esperam dos jovens que decifrem o que, segundo me parece, nem eles próprios conseguiriam decifrar. Pessoa é esotérico. Todo o Pessoa é esotérico e quem não souber isto, não sabe rigorosamente nada.
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