Estive a ler alguns suplementos de jornais de sábado. Em alguns deles, deparei-me com "articulistas" demasiado preocupados com a "ideologia". Com a deles e com a que eles atribuem aos outros. Também encontrei a centésima entrevista da mesma pessoa feita a outra mesma pessoa, o dr. Mário Soares. Retive o Mário Soares de que gosto porque não leio as perguntas, normalmente mais extensas e sentenciosas que as respostas. Ora o Mário Soares de que gosto é o que confessa que, aos 88 anos, não tem problemas de tensão ou de colesterol - que inveja! -, que aprecia um bom vinho, que afirma que Sócrates «não foi muito claro nem transparente» (pena só ter reparado agora), que não é «amigo das pessoas por razões ideológicas» mas «por achar que elas têm méritos ou não têm», que sustenta que regressar ao escudo «não é o caminho» e que acha que tem «de fazer as coisas que devo fazer.» No fundo, este Soares estava há muito resumido numa entrevista concedida a Mário Mesquita, em 1984, no Diário de Notícias. «Nunca dei uma excessiva importância aos debates ideológicos e sempre condicionei muito mais a minha acção pelas relações políticas e tácticas no terreno, por forma a, pragmaticamente, levar a água ao meu moinho.» Não está mal pensado.
2 comentários:
pertenci em 1973 à Cooperativa de Estudos e Documentação e por desejo expresso do Irmão Raúl Rego integrei o conselho fiscal.
felismente nunca lá encontrei este gajo fabricado pelo Carlucci.
88 anos? Não lhe aumentou a idade???
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