Passou ontem, dia 14, o centenário do nascimento de Raymond Aron. Os nossos liberalóides de serviço - os da blogosfera e os outros - estavam demasiado preocupados com o destino dos medicamentos e das farmácias da paróquia para se lembrarem dele. Definiu-se como o "espectador comprometido". Suficientemente perto e prudentemente longe da política, Aron atravessou o século passado dando testemunho de um pensamento livre e iconoclasta bem expresso nas Memórias editadas no ano da sua morte. Foi vigoroso no combate aos totalitarismos que alguns dos seus contemporâneos adularam e pode hoje ser considerado como uma "referência" do "politicamente incorrecto". Não se considerava propriamente de "direita", mas nunca mostrou qualquer tipo de veneração ou de temor reverencial pela "esquerda". Citado por Jorge Almeida Fernandes no Público de ontem, Aron considerava que "o intelectual não recusa comprometer-se e, no dia em que participa na acção, aceita a sua dureza. Mas esforça-se por nunca esquecer nem os argumentos do adversário, nem a incerteza do futuro, nem os erros dos amigos, nem a fraternidade secreta dos seus combatentes." Já não se "fabrica" disto.
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