Acompanhei moderadamente as convenções dos Partidos Democrático e Republicano pela televisão. Ontem a CNN fez o favor de repetir o discurso de W. Bush em Nova Iorque e eu dei-me ao trabalho de o ver e escutar. Com o mesmo sorriso idiota de sempre, o presidente repetiu banalidades de efeito garantido e prometeu aos americanos continuar a sua gloriosa política, particularmente a externa, a qual, como é sabido, tem ajudado a levar o mundo tão optimisticamente para o abismo. Enquanto Bush se esforçava na sala, sob o olhar protector da família e de Miss Rice, a perigosa virgem que o conduz pelas labaredas das "relações internacionais" na Casa Branca (devemos sempre desconfiar de alguém que aparentemente não vai para a cama, nem com homens nem com mulheres), nas ruas adjacentes ao Madison Square Garden decorriam manifestações folclóricas para todos os gostos. Menos para um, o da "América profunda" que tem horror aos "intelectuais" e que se acolhe, sem hesitações, no "quentinho" seguro da liberdade "musculada" oferecida por Bush e por Schwarzenegger. Kerry é melhor do que isto? Não é. Baço, de pálidas convicções e perseguido pelo pathos do Vietname, Kerry apenas promete aos americanos vir a ser o "anti-Bush", o que é manifestamente pouco. Para além disso, votou a favor da guerra no Iraque, o que lhe deixa uma reduzida margem de manobra para combater Bush no seu "labirinto" essencial. Por cá, os "comentadores" e os "blogueiros" pró-Bush e pró-guerra mal se atrevem a defendê-lo, preferindo antes apresentar os argumentos dos seus congéneres americanos que passam a vida a contestar a credibilidade de John Kerry. Tudo para esconder a boçalidade contentinha de um perante a fragilidade pusilânime do outro. Com distanciada equanimidade, eu acho que o "pequeno Bush" vai conseguir os seus "4 more years" a partir de Janeiro do próximo ano. O mundo fica menos perigoso do que já está? O terrorismo vai acabar? O bom senso vai prevalecer? Penso que não. Mas, nos dias que correm, quem é que se importa?
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