15.9.04

SINAIS DE DECADÊNCIA (act.)

Primeiro. Numa entrevista recente, o Dr. Morais Sarmento, que é uma espécie de "ponto" da governança, considerou o Dr. Jorge Sampaio como "parceiro". Em condições normais e entre pessoal político "normal", Sampaio poderia ser tudo menos um compagnon de route deste estado de coisas. A sua ânsia infantil da "estabilidade" permite estes enlevos serôdios e nada sadios. Vamos assistir a um final de mandato assaz penoso. Se é bem feito para ele, é péssimo para nós. Nada está onde devia estar. Nenhum deles morde a língua?
Segundo. Um estudo internacional concluiu que, na realidade, somos mesmo feios, porcos e maus. Estamos nos picos em matéria de pobreza e, entre parceiros europeus, apresentamos índices de criminalidade notáveis. A nossa sociedade, pelos vistos, anda por aí a segregar novos monstros. Será que o Dr. Lopes consegue perceber o que é o "tempo novo" de que ele tanto fala?
Terceiro. Um ministro número nove ou dez desautoriza o ministro número quatro ou cinco. O ministro número quatro ou cinco faz de conta que não é nada com ele. O ministro número dois desautoriza-os e ralha com o número nove ou dez. O primeiro ministro desautoriza-se quando consente que eles se desautorizem uns aos outros sem pestanejar. Afinal quantos "conselhos de administração" estão representados no governo?
Quarto. O "Estado a que isto chegou" vai acabar com o serviço militar obrigatório. Passa a ser coisa de "profissionais" e de "voluntários". A Marinha já tinha ajoelhado, outro dia, a 12 milhas da costa. Faltava o Exército e a Força Aérea. A passagem da "sociedade civil" pelas "forças armadas", em democracia, é um bom "serviço cívico" e ajuda a compreender a noção de cidadania. Sampaio, o "parceiro", prefere ser o "comandante supremo" de mais uma vulgar corporação?
Quinto. A falta de vergonha, para dizer o mínimo, não cala esses dois pequenos vermes socialistas de Matosinhos. Os brandos costumes internos valeram mais do que a necessidade da purga. O próximo líder começaria bem se os expulsasse sem hesitações. Um deles até já cantarola que "tem obras para outros mandatos". Esta cacicagem "democrática" é simplesmente repugnante, está em todo o lado e tem todas as cores. Porém, como sobrevive um "aparelho", qualquer "aparelho", sem cepa desta?

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