De Françoise Giroud, Artur ou a Felicidade de Viver (Editorial Inquérito). Trata-se de um livrinho de memórias que se lê de um fôlego. Giroud foi jornalista, resistente, amiga de Mitterrand, membro do governo de Giscard D' Estaing e sobretudo uma perspicaz observadora da vida pública, particularmente na sua terra, a França, esse país de que diz que "nada me proibirá de pensar que a alegria de viver só existe" lá. Como ela escreve, é um livro de muitas vidas e de muitas mortes. Na realidade, trata-se de um pequeno manual de sobrevivência e de vitalidade para os dias insuportáveis. Por ele passam algumas das "grandes figuras" da França do século XX que Françoise Giroud conheceu ou com quem privou directamente. Vale a pena ler.
Afinal, não é um novo Hitler que eu receio para a França, nem o ressurgimento de um fascismo à alemã. Mas, mais modestamente, se me permitem dizê-lo, uma forma moderna do Mal, persuasiva, dissimulada, pouco a pouco invasora, que conseguiria recuperar todos os nossos medos, todas as nossas fraquezas, todas as nossas nostalgias, e que seria uma caricatura do que foi, por exemplo, o fascismo italiano. As primícias surgem por aqui e por ali, de tal forma que faríamos mal em julgá-las anedóticas. A infiltração populista já começou. É preciso ser cego ou então indiferente para não a ver.
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